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O porta-voz do Sindicato Nacional dos Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP) anunciou que se registaram três situações de troca de combustível em descargas feitas por militares das Forças Armadas e da GNR, com a existência de contaminações em postos de abastecimento em Sesimbra, Sines e Nazaré.
Na opinião de Pardal Henriques é natural que estes incidentes aconteçam, tendo em conta a falta de formação dos militares que estão a conduzir os camiões e a fazer as descargas.
Ouça as declarações de Pardal Henriques, entrevistado pela jornalista Ana Sofia Freitas
"É normal, tendo em conta que os motoristas, que são profissionais há muitos anos e que têm uma formação intensiva sobre isto de pelo menos três meses e a formação é renovada sistematicamente e, ainda assim, acontecem incidentes, era perfeitamente normal que viessem a acontecer incidentes com militares que tiveram uma palestra de uma hora para lhes explicarem como se faziam estas descargas", justificou o porta-voz do Sindicato Nacional dos Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP).
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Em declarações à TSF, Pardal Henriques fala num "prejuízo tremendo para as empresas que estão a fornecer o combustível". "O depósito terá de ser despejado na totalidade e depois terá de ser abastecido outra vez. Misturar gasóleo com gasolina num tanque imenso e depois o tanque não pode ser aproveitado, terá de ser despejado e limpo", realça.
O porta-voz do sindicato especifica ainda que "enquanto consumidor" tem "receio de abastecer nos postos que estão a ser mantidos pelos militares". "Compreendo que estão a cumprir ordens mas como cliente tenho receio", frisou, referindo que "se o produto está contaminado, os prejuízos passam a ser também atribuídos à viatura que está a abastecer naquele posto".
Governo contradiz portaria da requisição civil
Em declarações à TSF, o Ministério da Defesa garantiu que todos os movimentos efetuados por militares das Forças Armadas decorreram com normalidade.
Também o Ministério do Ambiente garantiu que a denúncia do sindicato não faz qualquer sentido. Contactada pela TSF, uma fonte do ministério liderado por Matos Fernandes explicou que os militares e as forças de segurança apenas conduzem os camiões e não têm contacto com o combustível.
A mesma fonte indica que quem faz essa transferência de combustível é o responsável pelo posto. Também a Entidade Nacional para o Mercado de Combustíveis (ENSE) diz que não tem conhecimento de nenhuma falha.
No entanto, na requisição civil publicada através de uma portaria em Diário da República, é explicado que os militares podem fazer as operações de cargas e descargas dos veículos-cisterna.
"A intervenção das Forças Armadas abrange a realização de operações de carga e descarga de veículos-cisterna de combustíveis líquidos, gás de petróleo liquefeito (GPL) e gás natural, por parte dos militares que possuam o conhecimento das prescrições da regulamentação aplicável ao transporte de mercadorias perigosas", lê-se na portaria.