
TAP fechou o ano passado com prejuízos de 95,6 milhões de euros
Fábio Poço/Global Imagens
Companhia aérea diz que a decisão tem por base a crise provocada pelo surto de Covid-19.
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A Comissão Executiva da TAP não vai atribuir prémios relativos ao programa de reconhecimento de mérito dos gestores implementado pela companhia este ano.
Fonte ligada ao processo disse à TSF que a decisão resulta da atual crise provocada pelo surto do novo coronavírus, que está a obrigar a companhia aérea a reduzir custos.
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Esta segunda-feira, a transportadora anunciou que decidiu cancelar mais 2500 voos nos "próximos meses" para fazer face às "quebras nas reservas" devido à Covid-19, totalizando assim os 3500, equivalentes a 7% dos voos programados em março, 11% em abril e 19% em maio.
A TAP fechou o ano passado com prejuízos de 95,6 milhões de euros, um agravamento de 37,6 milhões face a 2018, o que levou o ministro das Infraestruturas Pedro Nuno Santos a considerar "inaceitável" que a transportadora atribua prémios a uma minoria de trabalhadores.
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Numa audição parlamentar na Comissão de Economia, Inovação, Obras Públicas e Habitação, o ministro disse que os prejuízos na TAP são "uma matéria que preocupa" o Governo, defendendo que o processo de reversão da privatização da companhia aérea de bandeira portuguesa foi "importante", mas no histórico da empresa "se deve contar pelos dedos de uma mão os anos em que não deu prejuízo".
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O processo de reversão da privatização da TAP, em 2015, manteve o caráter privado da gestão em 100%, sublinhou o governante, explicando que a reversão garante que o Governo tenha uma palavra decisiva na estratégia da empresa, mas não na gestão.
"No Conselho de Administração, a maioria é o do Estado. Na gestão, é 100% privada", reforçou Pedro Nuno Santos, referindo que a decisão de atribuição de prémios aos trabalhadores "é uma questão da gestão".
"Foi dito à TAP que não permitiremos a atribuição de prémios", avançou o ministro, reforçando que tal é uma falta de respeito para com a esmagadora maioria dos trabalhadores, num universo de 10 mil trabalhadores, recompensas para uma minoria de trabalhadores.
Apesar de ter registado prejuízos, em 2019 a TAP atribuiu 1,171 milhões de euros a 180 trabalhadores e defendeu que este "programa de mérito" implementado pela companhia, que diz ter sido "foi fundamental" para os resultados atingidos em 2018.
A dois quadros superiores foram atribuídos prémios de 110 mil euros cada e há outros colaboradores que receberam bónus de 88 mil euros, 42 mil ou 30 mil. O valor mais baixo pago a estes trabalhadores foi de mil euros.
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