Ouvido como testemunha no julgamento do agente Nuno Moreira, acusado do homicídio qualificado de Nuno Manaças, conhecido como "MC Snake", Magina da Silva afirmou que foi «plenamente justificado» o recurso à arma de fogo para tentar atingir os pneus da viatura em que a vítima seguia, preparando-se para se evadir pela segunda vez a operação STOP.
Confrontado com o facto de Nuno Moreira nunca ter tido uma única sessão efectiva de treino com a pistola que tinha, Magina da Silva afirmou apenas que o plano de formação de tiro da PSP supõe que todos os agentes são treinados para disparar com a arma que lhes é atribuída.
No entanto, nos autos não consta que Nuno Moreira, que entre 2006 e 2009 usou uma arma de calibre inferior, tenha alguma vez tido treino com a Walther de nove milímetros com que alvejou Nuno Manaças. «Se isso aconteceu está mal, mas não sou eu que tenho que o justificar», referiu.
«Todos gostaríamos de disparar uma vez por mês, pelo menos, mas mão é possível até por questões financeiras e limitações de tempo», admitiu, salientando que mesmo assim o treino dos agentes da PSP consome «um milhão de munições por ano».
Referindo-se aos regulamentos da polícia, Magina da Silva afirmou que numa situação como a da operação policial em causa está «plenamente justificado o uso da arma de fogo para imobilizar a viatura».
O responsável acrescentou que «se a intenção de furar os pneus não tiver efeito» poderá «em última análise» recorrer-se à arma de fogo contra o condutor, procurando disparar sem atingir pontos vitais, frisando que «a decisão é individual» no que toca ao que fazer no terreno.
Nuno Moreira negou ao longo do julgamento intenção de matar Nuno Manaças, afirmando ter disparado para os pneus.
Depois da sessão de hoje, o colectivo de juízes marcou para a próxima segunda-feira as alegações finais do julgamento, que decorre na quarta vara criminal no Campus da Justiça, em Lisboa.