MP fecha inquérito a Sócrates por considerar não haver crime de difamação

O Ministério Público decidiu encerrar o inquérito ao primeiro-ministro, aberto na sequência de uma queixa de Manuela Moura Guedes.

O Ministério Público decidiu, este sábado, fechar o inquérito a José Sócrates, aberto na sequência de uma queixa da jornalista Manuela Moura Guedes, por considerar que as afirmações relativas ao "Jornal de Sexta" não constituem crime de difamação.
 
«Só devem ser realizadas diligências em inquérito quando existirem indícios da prática de crime, (...) o que, no caso, não acontece», refere a decisão divulgada este sábado às redacções.
 
O Ministério Público entende que «as expressões alusivas ao “Jornal Nacional de Sexta” da TVI, que o denunciado proferiu na entrevista concedida ao Canal 1 da RTP e emitida em 21 de Abril de 2009, não constituem o crime de difamação».
 
Nessa entrevista à RTP1, José Sócrates referiu-se ao "Jornal de Sexta", apresentado por Manuela Moura Guedes, como sendo «travestido» e feito «de ódio e perseguição».«Aquilo não é um telejornal, é uma caça ao homem», afirmou na altura.

O Ministério Público considera «que [as acusações] foram proferidas no contexto de uma entrevista como reacção às observações e comentários sobre o denunciado, feitos no mesmo “Jornal Nacional de Sexta”, por ele considerados como difamatórios e injuriosos».
 
Para sustentar a decisão, o Ministério Público refere ainda que as afirmações visavam «só o telejornal em questão, cuja formatação e respectivos conteúdos censurou».
 
O Ministério Público teve também em conta a posição crítica assumida pela Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) relativamente à forma e aos conteúdos do referido “Jornal Nacional de Sexta”.
   
Na decisão divulgada, o Ministério Público socorre-se também da «Convenção Europeia dos Direitos do Homem e do entendimento do Tribunal Europeu dos Direitos do Homem de que as afirmações alegadamente difamatórias devem ser examinadas à luz do processo no seu conjunto».
 
Além disso, devem ser também vistas «no contexto em que se inserem, para se determinar se as eventuais restrições à liberdade de expressão, sob a forma de opinião, não prejudicam o justo equilíbrio» entre a liberdade de expressão e o direito à reputação.
   
O processo levantado por Manuela Moura Guedes contra José Sócrates deu origem a um pedido de levantamento de imunidade parlamentar do primeiro-ministro enviado no final de Junho pelo Tribunal de Instrução Criminal à Assembleia da República.
   
A decisão sobre o levantamento da imunidade parlamentar não chegou a ser tomada. A Comissão Parlamentar de Ética considerou que não tinha competência para tal e determinou que o tribunal teria de pedir directamente ao primeiro-ministro.
 
O ministro dos Assuntos Parlamentares remeteu para o Procurador Geral da República ou para o Supremo Tribunal de Justiça.
   
A Assembleia decidiu não se pronunciar sobre o pedido, tendo ficado a decisão sem resposta.

Contactado pela TSF, o gabinete do primeiro-ministro recusou-se a fazer qualquer comentário a esta notícia.

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