Alegando a «seriedade e violência do crime» cometido a 7 de Janeiro, a procuradora Maxine Rosenthal pediu hoje ao Tribunal Criminal que não fosse concedida liberdade condicional ao modelo de português de 21 anos, que não prestou declarações durante a audiência por videoconferência, em Nova Iorque.
Seabra estava no Hospital Bellevue, vestido de bata de paciente, ao lado do seu advogado, David Touger, que pediu ao juiz Ferrara que não autorizasse que fossem recolhidas imagens.
O pedido de «remand», nova detenção preventiva para aguardar novas provas, foi concedido pelo juiz Ferrara, na curta audiência de menos de dois minutos no Tribunal Criminal de Manhattan.
Segundo o depoimento ao tribunal do detective John Mongiello, da Polícia de Nova Iorque, o crime aconteceu às 14:00, cinco horas antes de o corpo ser encontrado no Hotel Intercontinental, e Seabra «declarou em substância que matou Castro e que o agrediu através de numerosos meios».
Seabra é acusado de homicídio em segundo grau, mas a acusação poderá ainda ser agravada para homicídio em primeiro grau ou então atenuada.
Na audiência no Supremo Tribunal será conhecida a acusação, que já foi votada por um comité de jurados ("grand jury").
O homicídio em segundo grau, o mais comum na lei do Estado de Nova Iorque, prevê uma pena entre os 25 anos e a prisão perpétua, permitindo o pedido de liberdade condicional ao fim dos 25 anos na cadeia.
Se Seabra se declarar culpado a 01 de Fevereiro, não chegará a ir a julgamento.
A procuradora Rosenthal apresentou hoje ao juiz um «certificado de acção afirmativa de grand jury», o que significa que o comité se pronunciou a favor da acusação.
Segundo Joan Vollero, porta-voz da Procuradoria de Nova Iorque, a decisão do "grand jury" foi selada e só perante o Supremo Tribunal será conhecida a acusação que Renato Seabra enfrenta.
Carlos Castro e Renato Seabra passavam férias juntos em Nova Iorque desde o final de Dezembro e estavam instalados no Hotel Intercontinental, onde o jornalista foi encontrado morto pela polícia na sexta-feira, 7 de Janeiro, com sinais de agressões violentas e mesmo mutilação nos órgãos genitais.
O relatório do médico legista apontou como causa de morte estrangulamento e traumatismos violentos na cabeça.
No seu depoimento, o detective Mongiello referiu pormenorizadamente as agressões e mutilações que sofreu Carlos Castro e identifica como armas do crime um saca-rolhas e um monitor de televisão. O jovem modelo terá também estrangulado e pisado Castro, de acordo com a acusação policial.
O corpo de Carlos Castro foi cremado na quinta-feira em Nova Jérsia e para sábado estão marcadas as cerimónias fúnebres.