As pessoas que morrem nos hospitais até 30 dias após sofrerem um acidente de viação vão passar a ser contabilizadas como mortos nas estradas a partir de sexta-feira.
O presidente da Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária (ANSR) afirmou à TSF que o novo método de contabilização dos mortos nos hospitais 30 dias após o acidente vai permitir ter «a certeza de qual a dimensão dos feridos graves que vêm a falecer nos hospitais».
«Até hoje nós temos estimado esse número. A partir do dia 1 de Janeiro vamos conseguir saber exactamente quantas pessoas é que, no período de 30 dias vêm a falecer nas unidades hospitalares», explicou Paulo Marques.
O responsável acrescentou que «este foi o indicador definido em termos internacionais para os países poderem comparar as suas taxas de sinistralidade».
«Deixamos de ter dados que são estimados e que, de alguma maneira, não nos davam a total certeza do que estava a acontecer», referiu.
Paulo Marques explicou que o novo método de contagem envolve unidades hospitalares, Ministério Público, forças de segurança e ANSR.
O responsável explicou que em situações de morte resultante de acidentes de viação, as unidades hospitalares comunicam o óbito ao Ministério Público, que, no âmbito da investigação, delega ou informa as forças de segurança. Por sua vez, as forças de segurança fazem o cruzamento com o boletim estatístico de acidente de viação e com a ANSR, que altera os dados de feridos graves para mortos.
A actual contabilização, que só considera vítima mortal quem morre no local do acidente ou durante o percurso para o hospital, vai continuar.
Paulo Marques sublinhou que o número de mortos vítimas de acidentes de viação deverá aumentar 14 por cento a estimativa que actualmente Portugal envia para a União Europeia.
Para este novo sistema foi criado um grupo de trabalho que reuniu durante este ano e teve como objectivo estudar e encontrar uma solução para a contabilização real do número de mortos a 30 dias.
A nova contabilização dos mortos em acidentes rodoviários é uma das acções previstas na Estratégia de Segurança Rodoviária 2008-2015, iniciativa que engloba um conjunto de medidas que têm como objectivo colocar Portugal nos dez primeiros países da União Europeia com menor taxa de sinistralidade rodoviária.
A maioria dos países europeus já divulga a taxa de mortalidade nas estradas tendo em conta os feridos graves que morrem no período entre o momento do acidente e os 30 dias subsequentes.