MP de Munique confirma buscas à Ferrostaal

O Ministério Público (MP) de Munique confirmou hoje a realização de buscas na Ferrostaal, a empresa alemã que vendeu dois submarinos a Portugal, mas recusou prestar quaisquer informações sobre a investigação em curso.

Contactada pela Agência Lusa, Barbara Stockinger, porta-voz do MP de Munique, que centraliza as investigações de que é alvo a Ferrostaal, confirmou que, na passada quarta-feira, 24 de Março, as autoridades fizeram buscas à sede da Ferrostaal em Essen, no estado da Renânia, e a mais 16 filiais e instalações da empresa no resto do país.

Barbara Stockinger recusou-se a prestar quaisquer informações sobre o processo, alegando que as investigações estão em curso, e também não confirmou nem desmentiu se as autoridades judiciais alemãs estão a colaborar com o MP de Portugal.

Segundo notícias publicadas pela imprensa alemã, a investigação resultou já na detenção de um administrador da Ferrostaal, Klaus Lerker, e há investigações contra mais quatro administradores da empresa.

Após as buscas de há uma semana, a Ferrostaal divulgou um comunicado que afirmou que as investigações incidiam sobre «casos de suborno em projectos individuais» e garantiu que irá cooperar estreitamente com o MP para esclarecer as acusações, que, segundo sublinhou, «não são contra a empresa, mas contra indivíduos».

A edição electrónica da revista alemã Der Sipegel noticiou que a investigação de que é alvo a Ferrostaal por alegados casos de suborno e corrupção inclui o processo de venda de dois submarinos a Portugal.

Segundo a revista, um cônsul honorário de Portugal, que não identificou, terá alegadamente recebido um suborno de 1,6 milhões de euros da empresa alemã para ajudar a concretizar a compra dos dois submarinos pelo Estado português em 2004.

De acordo com a Der Spiegel, o cônsul honorário terá também organizado, no verão de 2002, uma «reunião entre a administração da Ferrostaal e o antigo primeiro ministro português José Manuel Durão Barroso», actual presidente da Comissão Europeia.

O gabinete do secretário de Estado das Comunidades Portugueses anunciou hoje de manhã, em comunicado, que o Governo suspendeu o cônsul honorário de Portugal em Munique, Jurgen Adolff, de «todas as funções relacionadas com o exercício do cargo», na sequência da investigação na Alemanha.

«Em resultado de informação proveniente das autoridades alemães sobre a acção judicial em curso naquele país, o Governo suspendeu de todas as funções relacionadas com o exercício do cargo o cônsul honorário de Portugal em Munique, Alemanha, o senhor Jurgen Adolff, a partir de hoje», lê-se no comunicado do gabinete de António Braga.

A suspensão das funções de Jurgen Adolff do cargo de cônsul honorário de Portugal em Munique manter-se-á «até cabal esclarecimento das investigações que o envolvem pessoalmente», acrescenta.

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