Com Rangel o PSD "pode aspirar a uma maioria absoluta", garante Castro Almeida

Esta manhã, Fernando Alves conversou com Manuel Castro Almeida, que chegou a ser vice-presidente da direção de Rui Rio, a qual viria a abandonar, sendo hoje apoiante de Paulo Rangel. O antigo deputado e secretário-geral adjunto defendeu que o eurodeputado tem maior potencial para unir as vozes das diferentes sensibilidades dentro do PSD e também ainda acredita na maioria absoluta.

Manuel Castro Almeida não tem dúvidas de que Paulo Rangel é o candidato social-democrata mais capaz de abrir o partido às diferentes sensibilidades internas. Em entrevista conduzida por Fernando Alves, na Manhã TSF, o antigo deputado e autarca respondeu às declarações de Ângelo Correia, feitas na terça-feira, que assinalavam que o opositor de Rio não é um "líder" nato, antes um instrumento do "passismo". O social-democrata também salientou que, dependendo da campanha que seja feita, Rangel ainda pode sonhar com a maioria absoluta.

Para o antigo vice-presidente da direção de Rio e atual apoiante do eurodeputado social-democrata, Rangel não reunirá apenas os saudosos de Passos Coelho. "Paulo Rangel fará regressar o passismo, o cavaquismo, o barrosismo. Terá uma preocupação de alargar o partido a todas as sensibilidades."

Manuel Castro Almeida constata que o "partido tem uma abrangência social muito grande", situando-se na fronteira entre o socialismo e o não-socialismo. No entanto, Rangel pretende "abarcar" e juntar todas estas sensibilidades, garante o apoiante.

O antigo secretário de Estado no Governo de Passos Coelho reconhece ainda uma "grande vantagem" no opositor de Rio: "É mais dado ao diálogo." Por este motivo, mais capaz de manter "a família mais unida". Manuel Castro Almeida não tem dúvidas de que Paulo Rangel tem apoios em diversas sensibilidades, e admite que vários apoiantes de Durão, Cavaco e Passos hoje apoiam o candidato a derrotar Rui Rio.

Em todas as ideologias da social-democracia haverá adeptos do eurodeputado, sinaliza.

Mas ninguém é maior do que o partido, alerta o notável social-democrata. "Quem é do PSD é do PSD. É um grande partido que vai para lá dos líderes."

Acima de tudo, destaca Manuel Castro Almeida, "quem recusa o socialismo como forma de vida deve estar unido em torno deste partido". O antigo deputado e autarca exorta o aparelho a recuperar a sua "vocação liderante", e acredita que "mais dia, menos dia, o PSD vai voltar a ser o partido que vai tirar o país da cauda da Europa".

Deixando ainda críticas ao executivo socialista, o apoiante de Rangel assevera que "o Governo criou a ilusão da convergência com a Europa", mas que "estamos a afastar-nos dos países que competem connosco". França e Alemanha, as grandes da UE, estão a crescer pouco, e Costa compara Portugal com estes Estados para "falar em convergência", argumenta.

Apesar de este segundo mandato de Rui Rio ter sido "tranquilo", sem vozes dissonantes a surgir de dentro e sem cisões no grupo parlamentar, Manuel Castro Almeida considera que o atual líder não se mostrou capaz de alargar o partido às suas diferentes sensibilidades.

"Rejeitamos o socialismo, nisso estamos todos unidos." Ainda que as balizas ideológicas do PSD estejam bem definidas, há ainda uma amálgama, não maior do que a existente dentro do Partido Socialista, nota o antigo secretário de Estado, desvalorizando o peso da desunião. "Há no PS pessoas que só não estão no Bloco de Esquerda por acaso", aponta.

Quanto à desmobilização em torno de Rui Rio, do qual chegou a ser vice-presidente, Castro Almeida vinca: "Não foi o único nem fui o último a desiludir-me." Recorrendo aos exemplos de Manuela Ferreira Leite, Morais Sarmento e Pinto Balsemão, que apoiavam a gestão de Rui Rio e também se afastaram, o antigo deputado refere que não há outra postura possível para o maior partido na oposição, mesmo que Rio não a adote. "O PSD tem de ir e vai às eleições para ganhar as eleições."

"Podemos aspirar a uma maioria absoluta, sim senhor"

Manuel Castro Almeida nem fala, para já e por isso, em coligações, em caso de derrota nas legislativas, porque acredita que tal só enfraqueceria o projeto social-democrata apresentado: "Só devemos falar de um cenário B quando os portugueses souberem qual é o nosso cenário A. Falar do cenário B é degradar o nosso cenário A."

O antigo secretário de Estado de Passos sustenta que o PSD "está a ficar na segunda divisão", num "lugar muito secundário", devendo, em vez disso, apresentar-se "como alternativa ao empobrecimento"

"O que nós precisamos é de fazer uma maioria estável e coerente." E para esta estabilidade podem contribuir o CDS ou a Iniciativa Liberal. Já relativamente a dar as mãos aos socialistas, Castro Almeida riposta, invertendo: "O PSD deverá talvez responder a essa pergunta no dia em que Costa responder o que fará se o PSD vencer sem maioria absoluta, como aconteceu em 2015. Quando ele responder a isso, talvez aí se justifique respondermos."

Manuel Castro Almeida ainda crê que Rangel possa chegar a maioria absoluta dependendo da campanha que for feita. Essa campanha, sublinha, deve reforçar que os portugueses não estão "condenados a este ciclo de empobrecimento".

"Podemos aspirar a uma maioria absoluta, sim senhor", frisou. A estratégia para chegar a esta configuração favorável pode ter a sua semente em exemplos de sucesso do passado: Castro Almeida menciona que foi no tempo da governação de Cavaco Silva que "demos o maior salto de crescimento económico". É preciso, exorta Castro Almeida, explicar aos eleitores como apostar nas empresas os levará a ter mais dinheiro no bolso e a fazer "a economia crescer".

Questionado por Fernando Alves sobre se esta não é uma convicção essencial de Rio, o antigo deputado anui: "Nessa parte há total convergência."

As grandes diferenças, argumenta, têm que ver com as condições de convergência dentro do partido, com a forma como ambos os candidatos encaram a relação com o Partido Socialista. Rui Rio, conclui Manuel Castro Almeida, destaca-se pela negativa ao assumir uma "postura subserviente e secundarizante" face ao Governo socialista.

O terceiro convidado da semana em que a TSF acompanha o percurso até às diretas no PSD foi Manuel Castro Almeida, que chegou a ser vice de Rui Rio, mas que, nestas diretas, apoia Paulo Rangel. Manuel Castro Almeida foi, por três vezes, presidente da Câmara de São João da Madeira, foi deputado, secretário-geral adjunto e conselheiro nacional do PSD. Foi ainda, por duas vezes, secretário de Estado (primeiro, da Educação e Desporto; depois, do Desenvolvimento Regional, durante o Governo de Passos Coelho).

A TSF iniciou, na segunda-feira, um ciclo de curtas entrevistas diárias com notáveis do PSD, partido cujas diretas se realizam no próximo sábado. Pela antena e site da TSF vão passar apoiantes declarados das candidaturas de Rio e Rangel, e, no último dia, alguém que se reclama equidistante.

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