À espera de Moreira da Silva: Montenegro confiante mas com pedras no caminho

Luís Montenegro vai para a estrada com confiança na vitória, mas ciente de que "caciques eleitorais de Rui Rio" podem dar empurrão a Jorge Moreira da Silva. Montenegristas esperam "agressividade" da parte do ex-governante, mas vão lembrando que, na altura do combate político, Moreira da Silva debandou.

Há uma frase muito popular, normalmente utilizada como sinónimo de resiliência perante a adversidade, que reza assim: "Pedras no caminho? Guardo-as todas, um dia vou construir um castelo." No caso de Luís Montenegro, essas pedras já estão previstas na estrada para as eleições internas mas, como na famosa frase, a equipa do antigo líder parlamentar confia que vai mesmo chegar à liderança do PSD.

E as pedras têm várias formas. Do lado de Jorge Moreira da Silva, que esta quinta-feira oficializa o que já há muito era certo nos bastidores, os montenegristas esperam que "entre com muita agressividade" e com um "perfil que não é o dele", diz à TSF um apoiante do antigo líder parlamentar.

Apesar de considerar Moreira da Silva como "um tecnocrata" e que não vê nele "um líder transversal", este montenegrista não desvaloriza o resultado que o antigo ministro possa vir a ter nas diretas. "As expectativas são altas, sendo certo que é fácil a Moreira da Silva fazer um resultado aceitável", diz à TSF apontando para uma ajuda de peso: "Os fanáticos de Rui Rio que não querem o Luís podem cair para o Jorge."

Uma outra fonte social-democrata conhecedora do aparelho alinha pela mesma bitola, mas com uma expressão diferente: "os descontentes do Luís" que podem dar um empurrão a Moreira da Silva e surpreender no resultado.

Voltando ao quartel-general montenegrista, ensaia-se o ataque: "Sempre que o PSD vai para a oposição, o Jorge Moreira da Silva não fica para o combate político e vai tratar da vida dele." Se à boca pequena corre este argumento, quando a campanha apertar ele deve escalar, até porque os operacionais de Montenegro estão cientes das dificuldades que vão encontrar.

"Ele não tem votos dos militantes, mas vai ter apoio dos caciques eleitorais de Rui Rio", acredita um montenegrista ouvido pela TSF.

Quanto vale o "voto livre"?

Sobretudo nas últimas diretas, ficou famosa a expressão do "voto livre" que dizia respeito à cruzinha dos militantes de base alheios às típicas dinâmicas partidárias, o voto que trocou as voltas a Paulo Rangel que colhia apoio da maioria dos dirigentes, mas não conseguiu bater Rui Rio no final do ano passado.

Desde essa noite eleitoral que muitos deixaram de fazer apostas, até porque alguns apoiantes de Rio já estavam resignados que o então presidente não conseguiria a reeleição e acabaram mesmo a noite a cantar o "I'm Still Standing" do Elton John na sede de campanha, relevando assim o chamado "voto livre".

No entanto, na estrutura de Montenegro não há receios desse nível porque acreditam que, nesta eleição que se avizinha, todos os votos são livres. "Os votos livres são todos, os dirigentes também representam o voto livre porque aqui não há os condicionamentos que existiam no passado", afirma fonte próxima de Montenegro dando o exemplo de figuras escolhidas pelo líder para autárquicas ou legislativas e que podiam sentir esse condicionamento na hora de votar.

Para já, o antigo líder parlamentar é, na teoria, quem tem a máquina mais oleada para a campanha que se aproxima, mas nos corredores laranja de Portugal inteiro ouve-se muito a frase de que "o PSD é um partido de poder". E com o poder tão longe, devido à travessia no deserto que representa a maioria absoluta socialista, será que os militantes vão comparecer à chamada?

"Vai ser interessante perceber a abstenção dos militantes nestas diretas. O partido está adormecido e corremos o risco de só os aficionados irem votar", diz à TSF fonte social-democrata que não vai dar apoio a nenhum dos candidatos.

"As pessoas estão tão preocupadas com os seus lugares e com o seu poder dentro do partido que se estão a esquecer do essencial que é o partido e a sua penetração na sociedade", conclui essa mesma fonte que tem apenas uma certeza: o PSD tem um duro trabalho pela frente.

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