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A pergunta surgiu depois de se ter sabido, esta quarta-feira, que Manuel Alegre e Francisco Assis vão entrar na campanha do PS: será que Rio quer nomes como os de Passos Coelho, Cavaco Silva, ou outros ex-líderes do PSD nas suas iniciativas?
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Em Leiria, à saída de uma reunião com autarcas, o líder social-democrata respondeu de forma calculada: "A esta hora e neste momento não sei responder." É que ainda faltam dois dias até sexta-feira e o PSD só tinha fechado "há umas horas" o programa de festas para a derradeira noite.
Perante a insistência dos jornalistas sobre se gostaria de ver Passos Coelho integrar a campanha, Rio recusou "alimentar polémicas em concreto".
"Pode passar à próxima pergunta", ordenou, como que a querer sair de um tema desagradável. De facto, a conversa seguiu para a próxima paragem: as declarações de António Costa sobre o crescimento do PIB, que até já geraram polémica.
Não é razoável ele ter acesso a determinados números na sua qualidade de primeiro-ministro, sob embargo, e achar que lhe dava jeito
O ainda primeiro-ministro anunciou que o Produto Interno Bruto cresceu 4,6% em 2021, mas depressa se viu contraposto pelo Instituto Nacional de Estatística (INE): é que esse dado só vai ser anunciado a 31 de janeiro.
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Confrontado pelos jornalistas sobre se este foi uma espécie de trunfo eleitoral, Costa garantiu que seriam apenas previsões e até acrescentou: "Não citei INE nenhum, disse quais são as previsões com que estamos a trabalhar. O INE revelará os seus números quando os tiver. Não percebo essa questão."
Mas o tema já tinha nascido e Rui Rio, como líder da oposição, não o quis deixar escapar.
"Não é razoável ele ter acesso a determinados números na sua qualidade de primeiro-ministro, sob embargo, e achar que lhe dava jeito para a campanha eleitoral" a sua divulgação, avaliou o social-democrata, quando questionado sobre o episódio.
A crítica continuaria, tanto no plano político como no plano económico: além de Costa ter utilizado "um dado a que teve acesso apenas porque é primeiro-ministro", um crescimento de 4% não é "um número fantástico", até porque "depois de uma queda de mais de 8%, quando partimos de uma base muito baixa... A taxa de crescimento é evidentemente maior a seguir."

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PS "inimigo número um" do Chega?
Questionado sobre o PS é de facto o "inimigo número um do Chega" e sobre o que isso faz do PSD, Rui Rio contrapõe: os socialistas "não são o inimigo" do partido de André Ventura.
"Quantos mais votos houver no Chega, mais facilmente o doutor António Costa continua como primeiro-ministro, portanto é um dos interessados em que tenha uma grande votação", analisava. "Não faz sentido ele estar a dizer que é o grande adversário, isso não é linear e tem até um toque de hipocrisia."
Sobre a relação do PSD com um eventual apoio do Chega - depois da experiência nos Açores - Rio garante não haver "nenhuma flutuação" de posições e esclarece que não teve "qualquer intervenção" face ao Governo regional, apesar de se ter mostrado "concordante".
Rio acusa Costa de "denegrir e deturpar" propostas do PSD para "enganar as pessoas"
Antes, Rui Rio já tinha recorrido a uma crítica que não é nova, mas de insistente tem tudo: acusou António Costa de "denegrir e deturpar" as propostas sociais-democratas para "enganar as pessoas".
Lamentando que a campanha não possa ser conduzida "com base nas propostas de cada um, criticando as propostas dos outros", deixou ainda uma nova crítica ao secretário-geral do PS.
"Aquilo a que assistimos por parte do PS e António Costa é o denegrir e deturpar - que é parte mais relevante - as propostas do PSD", denunciou, acusando o adversário "contra [as propostas] porque as deturpa".
Isto não é de vida ou de morte, o pior que pode acontecer a um partido nestas eleições é perder
"Diz que quero congelar o salário mínimo nacional, que quero por a classe média a pagar o SNS e que estou refém da extrema-direita para enganar as pessoas", atirou.
"Em 1980", recorda Rio, o PS "liderava uma coligação que era a Frente Republicana e Socialista (FRS) e seguiu justamente esse caminho, de difamação atrás de difamação, na altura com o PSD e a AD lideradas por Sá Carneiro, e levaram uma banhada".
Isto "não é de vida ou de morte, o pior que pode acontecer a um partido nestas eleições é perder e isso não é morrer", assinalou também, antes de apelar ao "espírito construtivo".