A história da democracia contada pela relação dos Presidentes com os média
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A história da democracia contada pela relação dos Presidentes com os média

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O investigador Francisco Rui Cádima descreve à TSF quase cinco décadas de convivência do inquilino do Palácio de Belém com os outros poderes. O livro já foi editado.

O regime democrático teve cinco Presidentes da República eleitos, e todos eles contribuíram de forma diferente para a consolidação do regime, e para a definição dos poderes presidenciais.

O investigador Francisco Rui Cádima, durante décadas professor no curso de Comunicação da Universidade Nova, apresenta agora o resultado de um estudo sobre a forma como os cinco se relacionaram com a comunicação social.

O livro chama-se "Os Presidentes, a política e os media" e foi lançado este mês.

Eanes e Soares

Sobre Ramalho Eanes, Presidente entre 1976 e o início de 86, Francisco Rui Cádima lembra que a presidência é muito marcada pelo ambiente pós-revolucionário, primeiro, e depois, pela ligação de Ramalho Eanes à RTP, de que foi diretor antes de ir para Belém.

Comparando os cinco presidentes, todos entenderam os poderes e a forma de os exercer de maneira diferente. Mas o investigador nota que essa interpretação reflete muito a maneira de ser de cada um.

Um dos períodos mais quentes da relação dos presidentes com a comunicação social é o da presidência de Mário Soares. Especialmente no segundo mandato, quando Soares começa a queixar-se do que chama de controlo da comunicação social pelo governo de Cavaco Silva.

O investigador Francisco Rui Cádima foi às estatísticas da RTP e percebeu que o Telejornal do canal público era ocupado, em metade do tempo, por presença dos governantes.

A TV privada vem baralhar este jogo e a equipa de Soares, em Belém, dá um empurrão, acentuando o papel mediático das "presidências abertas".

Sampaio e Cavaco

De todos os Presidentes, o que ficou mais marcado por uma crise política, foi Jorge Sampaio. Ou seja, pelos meses que passaram entre a saída de cena de Durão Barroso e a decisão de tirar o tapete ao primeiro-ministro Santana Lopes.

Francisco Rui Cádima lembra que a presidência é um órgão unipessoal, o único eleito por sufrágio universal direto. Mas Jorge Sampaio, que até era dos Presidentes que tinha um círculo de consulta forte para tomar decisões, acabou, neste caso, por decidir sozinho.

Cavaco Silva, já tinha tentado ser Presidente da República em 1996, mas perdeu para Sampaio. E voltou a tentar em 2006, ganhando a eleição à primeira volta, com 50,5%.

O primeiro mandato teve um momento que fez degradar muito a imagem pública de Cavaco. Aconteceu com o caso da denúncia de escutas, que afinal nunca tinham existido.

A relação com Sócrates, antes e depois da crise financeira, e os anos da troika acabaram por marcar os mandatos presidenciais de Cavaco

Marcelo

Falar da relação entre os Presidentes e os meios de comunicação social tem todo um novo contexto, desde a chegada a Belém de Marcelo Rebelo de Sousa. Preparou-se especificamente para essa relação, especialmente nos anos de comentário político televisivo.

Outra novidade de Marcelo é a de abdicar de uma máquina de comunicação com a imprensa. O Presidente prefere falar diretamente com os jornalistas.

O livro chama-se "Os Presidentes, a política e os media", e é uma edição D. Quixote.

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