De alegadas agressões entre deputados e militantes do Chega a ameaças a assessores de outras forças políticas, têm sido várias as polémicas a envolver a presença do partido no Parlamento.
A imagem do Chega no exterior, admitem os militantes, nem sempre é a mais positiva. Afonso Ribeiro, delegado que vem de Cascais para esta 5.ª Convenção Nacional do partido, reconhece que há mesmo quem tenha receio de revelar a identidade política.
"Muitas pessoas concordam connosco, concordam com os nossos ideais, com a nossa maneira de fazer política, mas não se mostram, por medo de repercussões no trabalho, na vida social, de perder alguém... E isso é mau", aponta.
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Cátia Antunes, militante vinda de Leiria, assume que nem mesmo a postura do líder do partido tem sido pacífica. "Há muita gente que me diz: "Ah, o André Ventura, no Parlamento, é muito bruto!." Agressividade que, para esta militante, é justificada no que toca à oratória - "ele está a defender os portugueses, é normal que seja um bocadinho mais bruto".
Mas quando a rudeza passa a agressões nos corredores do Parlamento, para os militantes, é mais difícil de aceitar. "É um bocado chato, realmente", afirma Cátia Antunes. "Há certas coisas que deviam ser mudadas. Mas eu sou apenas uma militante. Não tenho assim muito voto na matéria."
Também Afonso Ribeiro diz que esta é uma realidade longe dos militantes comuns: "Nunca vi tais atos que, para mim, são condenáveis, caso tenham acontecido, mas nunca vi".
Este delegado considera que, sendo um partido recente, que cresceu muito em pouco tempo, "é normal" acontecerem "alguns erros". Já Cátia Antunes refere mesmo acreditar que o Chega não é exemplo único, no que toca a agressões entre deputados e militantes.
"Acho que isso acontece em todos os lados. Só que, se calhar, não sai cá para fora. Não da mesma forma", atira.
Francisco Araújo, delegado que vem do Porto para esta convenção, é da opinião de que o partido é prejudicado pelo eco dado às polémicas. "É normal que [esses acontecimentos] não tenham um efeito nulo", reconhece.
Mas estão os militantes do Chega preocupados com esse efeito? "A nível interno, não sinto que exista qualquer tipo de preocupação de grandes proporções", responde Francisco Araújo.
Não obstante, no futuro, defende que há que investir na formação dos membros do partido. "O partido tem passado pelas naturais dores de crescimento. Está a apostar na formação interna, está a apostar na formação de quadros, que, naturalmente, vão ter que agir de acordo com aquilo que é a imagem que o Chega quer transmitir para o país, que é uma imagem de responsabilidade, de segurança e de confiança", sustenta este militante.
A 5.ª Convenção Nacional do Chega decorre até este domingo, no Centro Nacional de Exposições e Mercados Agrícolas, em Santarém. O partido reelegeu, este sábado, André Ventura como líder, com 98,3% da votação.