O retrato de Eduardo Ferro Rodrigues reflete os tempos finais da presidência do antigo líder da Assembleia da República (AR): gravata verde, a cor do clube do antigo líder socialista e, ao lado, um frasco de álcool gel utilizado durante a pandemia.
A pintura é de Luís Guimarães, que sentou Ferro Rodrigues numa poltrona vermelha, num retrato que está agora na galeria dos presidentes num dos corredores do Parlamento. Deputados e membros do Governo assistiram à inauguração da obra e ouviram as preocupações de Ferro Rodrigues com a democracia em Portugal.
"Não é fácil combater o discurso simplista e antidemocrático. Não é fácil combater a desinformação, a mentira e o medo", admitiu.
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Com António Costa na primeira fila, Ferro Rodrigues deixou ainda um aviso ao Governo, lembrando que "tudo o que é corrupção e tráfico de influências, assim como o défice de transparência na distribuição de cargos, são bases fortes para o crescimento do populismo e da demagogia".
No entanto, para os que utilizam a corrupção para passar a mensagem política, o antigo presidente da AR afirma que "não é preciso acabar com a democracia para combater a corrupção".
"Só se pode mesmo combater a corrupção em democracia", sublinhou.
Ferro Rodrigues alerta os governantes de que "é preciso devolver a esperança aos portugueses", de forma a afastar os populistas e os discursos "xenófobos e racistas".
"Não temos ilusões quanto às insuficiências do sistema democrático. Temos de continuar o trabalho, há que devolver a esperança às pessoas, para uma vida melhor. Devolver a confiança dos cidadãos na democracia", apontou.
Ferro Rodrigues cedeu o lugar como presidente da Assembleia da República a Augusto Santos Silva, depois de seis anos na liderança.