"Quem a traça linhas vermelhas são os portugueses." Ventura reclama liderança à direita e ruas à esquerda

André Ventura, candidato único à presidência do partido, conseguiu a reeleição com 98,3% dos votos.

PorRita Carvalho Pereira
© Leonardo Negrão/Global Imagens

Líder aclamado com 98,3% dos votos dos 659 militantes que participaram na eleição, nesta 5.ª Convenção Nacional do Chega, André Ventura sobe ao palco, triunfante, com recados para dentro e para fora do partido.

Para quem quer traçar "linhas vermelhas" ao partido, tem resposta pronta: quem as trava não é "Luís Montenegro, nem Rui Rocha, nem Augusto Santos Silva" - essa é tarefa que cabe, unicamente, "aos portugueses".

Para a direita, se espera contar com o Chega para acordos de governação, deixa um aviso: não está disposto a "geringonças". "A direita terá uma e só uma escolha para fazer: ou há governo com o Chega, ou não há governo, de todo", ameaça.

Para a esquerda, que acusa de capturar a luta sindical e a educação, no pós-25 de Abril, uma promessa: "ganhar as ruas". "Venceremos no sindicalismo, venceremos nas manifestações de rua", prometeu aos militantes, assegurando que as ruas "não são da CGTP, nem da UGT, nem do PCP, nem do Bloco de Esquerda". Mas, se for para conquistar as ruas, nem se importa de com eles ser confundido. "Se somos de direita ou de esquerda? Isso pouco nos interessa! Cataloguem-nos como quiserem", atira.

André Ventura condenando também a forma como a História de Portugal é tratada no ensino português: "De repente, os nossos grandes feitos eram feitos criminosos, tivemos que começar a pedir desculpa. Sem que nunca ninguém nos tenha dado um agradecimento a este nosso grande país. Um país que levou o cristianismo aos quatro cantos do mundo", indigna-se.

Seguindo essa linha, o presidente do Chega diz querer ser a voz "daqueles que o país esqueceu", e "a quem o Estado está sempre a pedir mais mas não está disposto a dar" - dos agricultores às forças de segurança, passando pelos ex-combatentes e pelos retornados das ex-colónias.

O líder do Chega fala num "Estado ao serviço das pessoas, e não um Estado a servir-se das pessoas", "doa a quem doer".

Mas também para dentro do partido se dirigiu André Ventura, neste discurso da vitória. Fazendo um mea culpa, apelou a um partido unido, capaz de se "estabilizar a nível institucional".

"Falhámos nalguns momentos? Falhámos. Falhei nalguns momentos? Falhei", reconheceu. "Sei que falta comunicar mais, que falta ligar mais, implementar mais no terreno, mais autonomia local e distrital. Sei tudo isso, percebi a vossa mensagem", declarou.

"Podem contar com este presidente para os próximos quatro anos", sublinhou, devolvendo um pedido aos novos órgãos que forem eleitos nesta convenção: dar o melhor, "sem egos" e "sem traições".

"Temos, de uma vez por todas, de estabilizar-nos a nível institucional. Temos de entrar numa nova fase do partido", frisou.

Comunicando que apresentará, esta noite, uma proposta para a composição da direção nacional, Ventura informou também que apoiará uma candidatura à mesa nacional encabeçada por Jorge Galveias, com alterações na sua composição; uma candidatura ao conselho de jurisdição nacional, encabeçada por Bernardo Pessanha; e apoiará o conselho de auditoria presidido por Nelson Raimundo.

"Estas são as listas que terão o apoio do presidente eleito. Optámos deliberadamente por não apoiar nenhuma lista ao conselho nacional", ressalvou, deixando ainda palavras de agradecimento a todos os membros de outros órgãos que irão cessar funções.

A mensagem de base? União, a qualquer custo - o tipo de "unidade" que "mais nenhum partido consegue ter".

"É importante que 'eles' saibam isto que vocês deixaram hoje muito claro", prosseguiu, "que o presidente só sai quando vocês disserem que ele abandona funções".

André Ventura foi reeleito líder do Chega com 98,3% da votação (648 votos). Nas urnas, houve ainda 0,9% (6) votos brancos e 0,8% (5) votos nulos.

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