"António Costa já chegou ao fim." Ventura encerra com discurso reciclado, mas inflamado

O líder do Chega encerrou a 5.ª Convenção Nacional do partido com muitas palavras repetidas durante os dias anteriores, mas num tom que ainda não tinha surgido, ao longo destes três dias.

Expulsar o Executivo de António Costa e chegar à liderança do Governo. É o principal objetivo traçado por André Ventura, líder reeleito, esta noite, no discurso de encerramento da 5.ª Convenção Nacional do Chega.

Perante uma plateia cheia de militantes, convidados de partidos conservadores internacionais e representantes do Governo, da Presidência da República e dos restantes partidos políticos nacionais, Ventura retomou muitas das ideias e palavras-chave que já tinha usado, ao longo destes três dias de convenção.

O presidente do Chega voltou a afirmar-se como líder de um partido que quer governar, a definir o objetivo de atingir representação nas próximas eleições regionais da Madeira, a antever a maior votação já conseguida nas eleições europeias, a rejeitar que alguém, senão "os portugueses", possa estabelecer "linhas vermelhas ao partido" e a prometer representar os portugueses que foram "abandonados".

"Este partido não nasceu para protestar. Este partido não nasceu só para conquistar ruas, para ter 15% ou 20% nas sondagens, para ter o terceiro maior grupo parlamentar ou o segundo", afirmou André Ventura.

"Este partido nasceu com um único objetivo: honrar esta bandeira e governar Portugal", declarou.

Também as querelas no partido e o afastamento de opositores internos foram, mais uma vez, desvalorizados por André Ventura, afirmando que ninguém na rua lhe pergunta: "Então, como é que vai a oposição no Chega?". "Não", contrariou, alegando que o que os portugueses lhe dizem é que querem que seja "a voz" deles.

A bandeira da corrupção foi agitada, mais do que uma vez, com referências à polémica com a TAP, assim como a da "memória histórica", apelando aos "ex-combatentes" e "retornados das ex-colónias".

Mas se tudo isto fora já ouvido nestes três dias de convenção, houve muito que não havia sido mencionado e que se revelou esta noite. Com André Ventura, até agora, a sublinhar mesmo o crescimento do partido para um estado mais maduro, institucionalizado e à procura de chegar a eleitores de outros partidos, o que houve nesta intervenção final foi, em contradição, o regresso a um discurso crispado, no conteúdo e na forma.

Os subsídios sociais, a população imigrante, a comunidade LGBTQI+, além dos partidos à esquerda, como o PCP, foram alguns dos alvos que surgiram, pela primeira vez, neste fim de semana, num discurso de André Ventura.

O ataque direto ao Governo socialista e ao primeiro-ministro António Costa foi, no entanto, o maior foco de Ventura. Presente na sala, para representar o Executivo, correspondendo a um convite do Chega, a própria ministra dos Assuntos Parlamentares, Ana Catarina Mendes, foi mencionada em palco e apupada pelo auditório.

O derrube do Governo foi a chave para o encerramento do discurso de André Ventura, que vaticinou o fim de António Costa e prometeu tomar-lhe o lugar.

"Vamos lutar rua a rua, terra a terra deste país, até sermos Governo de Portugal e venceremos o Governo de António Costa", gritou. "António Costa já chegou ao fim!"

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