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A Assembleia da República não tem um software que garanta a segurança de documentos confidenciais, como os que serão analisados na comissão de inquérito à gestão da TAP. Foi o presidente da comissão, Jorge Seguro Sanches, quem o revelou aos deputados.
"Não está certificado esse software. Nesse quadro, juntamente com os serviços e, nomeadamente, com o secretário-geral da Assembleia da República, partilhei com ele o seguinte: na semana passada e na passada sexta-feira reuni com duas áreas desta Assembleia da República e constatei, salvo melhor opinião, que o software que é disponibilizado pela Assembleia da República, apesar de garantir a rastreabilidade da informação classificada, não garante a sua segurança em níveis aceitáveis para documentos e informação secreta, muito secreta ou altamente confidencial, como classificações remetidas pelas entidades e personalidades objeto da comissão de inquérito", disse Jorge Seguro Sanches, durante a comissão de inquérito à gestão da TAP.
O presidente da comissão de inquérito à gestão da TAP refere que o programa que existe atualmente permite que os conteúdos sejam reproduzidos e abre a porta ao acesso por parte de piratas informáticos.
"Utilizando o software proposto pela Assembleia da República, a informação em causa, mesmo apesar de ser detetada a sua consulta, permite a sua reprodução e partilha por outros meios indiretos, por exemplo, fotografia e fora de ambientes controlados. Além disso, é passível de ser acedida através dos famosos hackers que não só podem aceder à informação, como podem criar a perceção de que essa informação foi obtida por um dos deputados", disse o socialista.
Para já, a solução encontrada é a consulta em computadores fixos numa sala secreta e apenas reservada a deputados e a elementos credenciados. Algo que não aconteceu, por exemplo, na comissão de inquérito ao Novo Banco, na qual os deputados podiam aceder aos documentos nos seus computadores, mesmo quando eram classificados.
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Entretanto, a mesa da comissão de inquérito à gestão da TAP vai analisar até ao fim da semana os documentos classificados que já chegaram ao parlamento para perceber aquilo que pode ou não ser desclassificado.
Na reunião desta quarta-feira, foi feito o balanço de que a grande maioria dos documentos já está na assembleia da república, mas uma parte substancial foi classificada pelas entidades de origem como confidencial.