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António Costa assume que o ensino vai retomar dentro de 15 dias, mas com aulas à distância. Convidado do programa Circulatura do Quadrado, da TSF e da TVI, o primeiro-ministro admitiu que depois da suspensão letiva, a opção deverá ser o ensino à distância.
"Não acredito que daqui a 15 dias regressem as aulas presenciais. Quem têm fé, talvez tenha outra opinião, a mim resta-me a experiência e o que a ciência vai dizendo", disse.
Costa defendeu o ministro da Educação dizendo que "ninguém proibiu" o ensino online e explicou que só com o fecho das escolas, o país assimilou a ideia de confinamento. "Ninguém proibiu ninguém de ter o ensino online. Não há esse preconceito", garante.
Questionado sobre o descontrolo da pandemia em Portugal. O primeiro-ministro justificou com a "confluência entre a variante descoberta no Reino Unido e o relaxamento das medidas no Natal". Ainda assim, admitiu que "nesta terceira vaga as coisas estão a correr realmente mal".

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Pacheco Pereira voltou a apontar "erros" ao Governo, e Costa assumiu: "Houve erros, por exemplo na forma como passei a mensagem", admite.
"Se tivéssemos tido conhecimento atempado da variante inglesa, as medidas para o Natal teriam sido diferentes, e as regras que entraram em vigor no início de janeiro, teriam entrado logo em dezembro", afirmou
António Costa adianta que a variante inglesa está a crescer em Portugal, de acordo com os estudos dos cientistas. O primeiro-ministro disse ainda que, "quando se governa no meio da tempestade, os erros fazem parte".
"Não vale a pena criarmos a ilusão que não vamos enfrentar esta tensão nos próximos dias", aponta.
Doentes no estrangeiro? "É preciso ter cautela"
António Costa explicou que Angela Merkel disponibilizou os hospitais da Alemanha para receber doentes de Portugal. O Governo ponderou enviar doentes não-Covid, com outras patologias, no entanto, o governante diz a medida tem de ser ponderada "com cautela" até porque não existe resposta para as necessidades de Portugal, como enfermeiros e médicos.
"Não há condições de disponibilizar médicos e enfermeiros. A Alemanha tinha ventiladores, mas não temos em falta. Colocámos a hipótese de receberem doentes com outras patologias, mas essa ideia de que há um estrangeiro para enviar doentes, tem de ser olhada com cautela", diz, explicando que Portugal está na cauda da Europa, com relação transfronteiriça apenas com Espanha.

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Sobre a inclusão do privado no combate à pandemia, Costa assume que o Executivo "nunca regateará esforços para assegurar o tratamento de quem quer que seja. É preciso é saber se elas existem. Ouço dizer que os doentes vão ser transferidos para Espanha. Vão?, questiona.
António Costa garantiu ainda que o Governo tem trabalho com o setor privado na saúde, "e tudo tem funcionado". "Ainda ontem houve uma situação dramática no Amadora-Sintra e foi necessária deslocar 43 pessoas. Foram deslocadas em segurança, nunca estiveram em riso e houve capacidade de resposta", explicou.
"Não controlamos o que acontece nas fábricas." Costa admite atrasos na vacinação
Quanto ao processo de vacinação, António Costa afirmou que os Estados-membros da União Europeia não podem começar a lutar por lotes de vacinas, "como aconteceu no início da pandemia, com as máscaras".
O primeiro-ministro assumiu que houve um problema de transporte de vacinas para a Madeira, com um atraso de horas, e também para os Açores, com uma regressão de 48 horas.
A Pfizer reconverteu a fábrica na Bélgica, para aumentar a produção, "o que fez com que tivesse entregado apenas metade das doses que estavam previstas". Ainda assim, António Costa garante que a empresa já "começou a compensar" e que Portugal vai receber as vacinas previstas até ao final do trimestre.

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"O problema mais grave é com a AstraZeneca, que anunciou um atraso no processo de produção. A União Europeia exige justificações à AstraZeneca", referiu.
Costa sublinhou ainda que, se existir algum atraso na entrega das vacinas, o programa de vacinação português sofrerá atrasos. "Portugal tem seguido uma política prudente, para garantir que todos têm uma segunda toma."
"Não controlamos o que acontece nas fábricas das empresas", rematou.