A Câmara do Barreiro saltita entre mãos comunistas e socialistas. Atualmente é gestão do PS, que a conquistou, pela última vez, à CDU em 2017. A tarde da CDU foi passada a apostar no Barreiro, para onde a TSF foi em reportagem tentar perceber o que faz falta, como é que a população vê a cidade e o concelho, e descobriu que há uma estátua que, muitos anos depois, ainda incomoda o Partido Comunista Português.
Fernando Luís Gaspar tem 88 anos. Há 56 anos que vive no Barreiro. Está sentado a ler num banco de jardim logo por detrás da estátua, para alguns, ainda incomodativa do industrial Alfredo da Silva, fundador da CUF, a Companhia União Fabril. "A estátua é um problema com que o PC não conseguiu lidar."
Diz-nos que a estátua tinha de ter "mais visibilidade" que, "apesar da guerra pelo capitalismo eles não conseguiram esconder". Porquê? Porque as pessoas do Barreiro "sentem uma devoção" por Alfredo da Silva.
Não será fácil que Jerónimo de Sousa venha ao Barreiro convencer Fernando, que fecha o livro que tem ao colo, olha o horizonte e folheia o passado do concelho: "Está agora a recuperar qualquer coisa, mas isto passou por uma transição muito difícil, que foi muito mal-acompanhado em termos autárquicos." A extinção da CUF, "com mais de seis mil trabalhadores, ruiu tudo".
Primeiro sabão, velas e óleos vegetais, depois produção de adubos em grande escala, mas a CUF fechou e pinta agora de ruínas a margem do Tejo no Barreiro. A imagem que nos é trazida por André Silva, sentado no mesmo jardim, é de uma cidade "muito poluída, muitas fábricas velhas e poucos espaços verdes".
André sabe o que era agora preciso: "Uma cidade mais inclusiva, que respeitasse mais as pessoas com condições sociais mais baixas."
E que futuro para o Barreiro se for tudo como nos diz Flora, que com uma amiga passeia no Parque Catarina Eufémia e que nos garante que "de qualquer maneira são todos iguais, todos querem o lugar, depois de lá estarem dentro fica tudo na mesma".
A disputa do Barreiro será entre CDU e PS. Venha quem vier para os próximos 4 anos, Flora não arreda pé: "porque é a minha terra, é aqui que gosto de viver e é aqui que eu vivo", diz sem tirar os olhos do repórter, que brilham quando fala da sua cidade do coração.