Contra perpétua, Rio explica proposta do Chega. Catarina fala em "normalização da selvajaria"

A polémica sobre a prisão perpétua abriu o debate. Rui Rio "católico, mas não crente" está contra mas a justificação de que a proposta do Chega "não é como parece", valeu-lhe a crítica de Catarina Martins.

"Obviamente" contra a prisão perpétua, até porque se assume como "católico, mas não crente", Rui Rio fez, no entanto, questão de explicar que a proposta do Chega para restabelecer a prisão perpétua, em Portugal, é uma forma "mitigada."

"O que ficou claro no debate de segunda-feira com o Chega: ficou claro que eu sou contra a prisão perpétua, mas também ficou claro que o Dr. André Ventura o que defende não é exatamente a prisão perpétua, mas o regime misto que existe em muitos dos países da Europa", explicou o líder do PSD quando questionado sobre as declarações durante outro frente-a-frente, com André Ventura.

A resposta de Rui Rio não esclareceu a coordenadora do Bloco de Esquerda para quem o líder social-democrata está a "normalizar a selvajaria."

"Mais do que explicar porque é que a prisão perpétua é inaceitável, está a tentar normalizar o que diz a extrema-direita, a Constituição da República não permite a prisão perpétua, é uma selvajaria", disse Catarina Martins considerando "muito preocupante", a posição de Rui Rio.

"Às vezes, é difícil defender a decência, mas é isso que os líderes políticos devem fazer", atirou a bloquista.

Rui Rio rejeitou a acusação: "O que ficou provado não é a normalização da extrema-direita, é que depois de tanto barulho o Dr. André Ventura não defende exatamente o que todos pensavam que defendia", porque permite uma revisão da pena ao fim de 15 anos, não fazendo "muita" diferença em relação ao regime português.

Salários, saúde e segurança social dividem PSD e BE

Em profundo desacordo, Rui Rio e Catarina Martins explicaram o que defendem para a política de salários, Serviço Nacional de Saúde e sistema de Segurança Social.

Catarina Martins rejeitou que o país seja uma "gigantesca Odemira de baixos salários", considerando que o aumento do salário mínimo "ao contrário do que disse Rui Rio, não provocou mais desemprego e falências." Na resposta, o líder do PSD defendeu uma subida "sustentada" do salário mínimo.

"Se acelera o aumento do salário mínimo, as empresas não podem aumentar os outros salários e portanto, isto vai nivelar por baixo. O BE quer acabar com os ricos, eu quero acabar com os pobres", respondeu Rio.

O mesmo desacordo surgiu nas soluções para a Saúde: Catarina Martins defendeu um reforço de meios e verbas e disse suspeitar de que o PSD "quer aproveitar a crise pandémica para que a saúde possa ser um negócio."

"Quer entregar o Hospital de São João ao grupo Mello, o São José aos chineses da Fosun?" perguntou a coordenadora do Bloco.

Rio garantiu que também "não desiste do SNS", mas defendeu que "atirar com mais dinheiro para o SNS não é já a prioridade, a prioridade é gerir bem o que está mal gerido" , o que pode ser feito tendo os privados como complemento.

Sobre o financiamento da Segurança Social, Rio considerou que "um sistema misto, que tem de ser articulado, consensualizado, um sistema com uma base pública, que pode ser complementado com uma base de capitalização.

"Se privatizássemos por completo ou quase, colocávamos as futuras pensões na bolsa, imagine o perigo que era", afirmou o líder do PSD.

A deixa foi aproveitada por Catarina Martins que estranhou que Rio reconheça que "é um perigo" colocar as pensões na bolsa, mas diga aos trabalhadores para lá colocarem "metade" do seu dinheiro.

Perante tamanhas divergências, a conclusão de Rio foi clara: "Eu até posso negociar com o BE, mas chegar a um entendimento é muito difícil", disse o líder do PSD falando numa "incompatibilidade completa."

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