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Tal como durante a pandemia, António Costa volta a pedir "solidariedade" à União Europeia (UE), para responder à crise energética, a começar pela compra conjunta de gás para "eliminar a concorrência e ganhar poder negocial". O primeiro-ministro volta a defender um "gasoduto ibérico" apesar das divergências com Emmanuel Macron, revelando que a Portugal faltam "apenas 162 quilómetros" para chegar à fronteira.
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No Parlamento, perante as perguntas dos deputados, na véspera do Conselho Europeu, António Costa deu nota dos principais temas que os Estados-membros vão discutir, como a compra conjunta de gás e um mecanismo comum para responder às crises.
"É absolutamente essencial, num momento em que há uma quebra de abastecimento, evitar a competição entre os diferentes Estados-membros, e procurar que todos se juntem numa compra conjunta. Ganhando poder negocial e eliminando a concorrência", defendeu, sobre a compra conjunta de gás.

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António Costa afirma que a UE "deve manter as boas práticas e recusar as más práticas", referindo-se, respetivamente, à resposta à crise pandémica e à crise económica de 2011, pedindo "um mecanismo que permita responder a esta crise económica que estamos a viver".
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"Espero, aliás, que a UE perceba que as crises não são permanentes, mas são recorrentes. Por isso, devemos ter um mecanismo permanente de resposta às crises", disse.
Nesse sentido, Costa defende um "lay-on" ao contrário do "lay-off" durante a pandemia, que permita às empresas "manterem-se abertas" e com apoios financeiros para que "paguem os salários e mantenham os postos de trabalho".
O primeiro-ministro revelou ainda que vai propor a utilização de dívida conjunta já emitida, no valor de 200 mil milhões de euros, mas que ainda não foi utilizada. A Portugal caberá uma fatia de 12 mil milhões de euros.
Costa defende gasoduto ibérico: "A ligação de Espanha ao resto da Europa é-nos indiferente"
Questionado pela bancada do PSD, com o deputado Paulo Moniz a perguntar ao primeiro-ministro como vai convencer o Presidente francês a aceitar um gasoduto ibérico "além dos seus lindos olhos", António Costa voltou a defender a solução, dando até o exemplo do mercado francês.
"Se as interconexões fossem maiores, a França estaria a receber mais energia. E, quando digo a França, digo todos os países que hoje têm dificuldades em receber energia, e para os quais podemos contribuir, aumentando a energia", justificou.
Em Portugal, "faltam apenas 162 quilómetro" entre Celorico da Beira e Vilar de Frades. A partir daí, o trabalho é do Governo espanhol.
"A ligação de Espanha ao resto da Europa é-nos relativamente indiferente. Se é pelo Pirenéus, se por Marselha ou Itália, esse trajeto, para nós, é-nos irrelevante", assumiu.
António Costa refere que o objetivo, no futuro, é que o gasoduto seja utilizado para transportar hidrogénio verde.
Kamov "não funcionam"? Portugal cede helicópteros à Ucrânia "com muito orgulho"
Pela bancada do Chega, o primeiro-ministro foi questionado sobre o envio dos helicópteros Kamov para a Ucrânia, já "que em Portugal não funcionavam". Na resposta, Costa defendeu que é preciso "continuar a responder com solidariedade" para com o povo ucraniano.
"O Governo ucraniano acredita que vão funcionar. E eu, como já os vi a funcionar cá, e sei a razão de não funcionarem, não disse que não cedia. E cedemos com muito orgulho", atirou.

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