Costa pede parecer à PGR sobre negócios entre Estado e familiares de governantes

Chefe do Executivo garante que prática "não pode deixar suscitar dúvidas".

O primeiro-ministro solicitou um parecer ao Conselho Consultivo da PGR para que haja um "completo esclarecimento" sobre os impedimentos de "empresas em que familiares de titulares de cargos políticos e altos cargos públicos tenham participação superior a 10% do capital".

Em comunicado, o gabinete de António Costa revelou que, apesar de a Assembleia da República ter legislado sobre o tema e o Presidente da República ter promulgado um diploma, continuam a ser necessários esclarecimentos.

"Ao longo do dia de hoje tem sido difundida uma interpretação das normas sobre impedimentos de empresas em que familiares de titulares de cargos políticos e altos cargos públicos tenham participação superior a 10% do capital, que ultrapassa largamente, no seu âmbito e consequências, o que tem sido a prática corrente ao longo dos anos", refere a nota, numa altura em que foram conhecidos os negócios celebrados entre Nuno Neves, filho de José Artur Neves, e o Estado, quando o pai já era governante.

O primeiro-ministro explica que esta prática "não pode deixar de suscitar dúvidas como alguém possa ser responsabilizado, ética ou legalmente, por atos de entidades sobre as quais não detém qualquer poder de controlo e que entre si contratam nos termos das regras de contratação pública, sem que neles tenha tido a menor intervenção".

"Tendo em conta o âmbito de aplicação pessoal desta norma, que abrange a totalidade dos titulares de órgãos de soberania, titulares de cargos políticos e altos cargos públicos - Presidente da República, deputados, membros do Governo, membros dos governos regionais, provedor de justiça, presidentes de câmara e vereadores a tempo inteiro, deputados ao parlamento europeu e membros a tempo inteiro de entidades públicas independentes - facilmente se compreende a complexidade institucional e social da interpretação literal que vem sendo difundida", justificou o gabinete de Costa em comunicado, frisando que "tanto quanto foi possível apurar, não há jurisprudência sobre a matéria, nem até ao momento terá sido movido com este fundamento qualquer processo de demissão ou perda de mandato".

Na segunda-feira à noite, o Observador, e depois o JN, noticiaram que o filho de Artur Neves era sócio de uma empresa, com 20% do capital, que fez três contratos públicos com o Estado já depois de o pai ter assumido o cargo de secretário de Estado, o que contraria a lei das incompatibilidades e pode ditar a demissão do governante.

Já na terça-feira, José Artur Neves explicou-se e disse que não teve qualquer influência nem estabeleceu qualquer contacto que pudesse resultar em expectativa de favorecimento pessoal do filho e da sua empresa, motivo pelo qual se mantém no cargo.

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