Críticos queriam antecipar convenção do BE, mas dividiram-se. Direção fala em tentativa de "paralisação"

A oposição interna dividiu-se, e a proposta foi chumbada apenas com um voto a favor. O BE está em processo de "redução de custos".

A direção do Bloco de Esquerda (BE) acusa a oposição interna de querer assaltar o poder, depois de 130 membros do partido pedirem a Catarina Martins para antecipar a convenção, "pela pluralidade interna". A proposta foi rejeitada na comissão política, com apenas um voto a favor.

O BE diz que a antecipação da convenção beneficiaria apenas a maioria absoluta do PS, colidindo "com os primeiros meses do ciclo político da maioria absoluta, sem que os efeitos do novo orçamento (em discussão até junho) pudessem ser minimamente avaliados pela população".

E, além disso, a oposição interna quer "paralisar o partido, apenas para substituir a direção". O BE nota que os críticos mudaram de opinião em menos de um mês, já que "na reunião de fevereiro da Mesa Nacional, não só não propuseram a antecipação da convenção, como não se opuseram a que o debate alargado do balanço eleitoral fosse feito na Conferência Nacional", marcada para 30 de abril.

Os subscritores da carta explicavam que "o ciclo de perdas eleitorais do BE, que culminou com a derrota eleitoral das recentes eleições legislativas, exige tirar lições de forma consequente", mas a proposta nem viu a luz do dia. Foi chumbada apenas com um voto a favor, na quarta-feira à noite.

A TSF sabe que dos críticos que pertencem à comissão política houve ainda duas abstenções. O histórico Mário Tomé, subscritor da carta, foi o único a votar a favor, Miguel Oliveira e Ana Sofia Ligeiro optaram pela abstenção, e Bruno Candeias faltou à reunião.

Além de Mário Tomé, a carta contava com o apoio dos antigos deputados Pedro Soares e Carlos Matias, e era subscrita por 120 membros da Moção E, líder da oposição interna e com membros na comissão política.

O BE acusa os opositores de "caça às bruxas" num momento em que o partido está em fase de reestruturação, depois das derrotas eleitorais, apesar de a direção falar apenas em "redução de custos da organização". Com o número de votos a cair para metade, nas legislativas de janeiro, também a subvenção do partido vai ser cortada em 50 por cento: de um milhão e seiscentos mil euros para 800 mil euros.

A mensalidade para as distritais foi cortada a metade, apurou a TSF, já no mês de março, com muitos dirigentes a queixarem-se que não foram avisados e só deram conta quando olharam para o recibo da transferência.

Por todo o país, o partido vai fechar sedes, num processo que está a ser articulado com as distritais, tendo em conta que a redução da subvenção não permite pagar a totalidade das despesas.

Os despedimentos também já começaram, e devem chegar aos 40 em todo o território nacional. Há contratos que não foram renovados e outros funcionários vão acumular serviço em várias sedes do partido

A proposta de redução de custos foi aprovada na comissão política de 24 de fevereiro, com nove votos a favor, três abstenções e um voto contra. A 30 de abril, o partido reúne-se em conferência nacional "para discutir o rumo estratégico".

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