Debate decisivo. "Linha vermelha" de Mário Soares, muro derrubado e 'morte' da 'geringonça'

Rui Rio afirmou que o primeiro-ministro vai ter de "andar à pesca" de votos, o que não traz "estabilidade ao país".

O debate decisivo sobre o Orçamento do Estado, que poderá mergulhar Portugal numa crise política, aqueceu quando Rui Rio falou em Mário Soares, comparando a atuação de António Costa à do antigo líder socialista. O presidente do PSD afirmou que o primeiro-ministro se colocou "nas mãos" de BE e PCP, atravessando uma "linha vermelha" que Soares nunca passou. Na resposta, Costa lembrou que em 2016 mandou abaixo "um muro", entre a direita e a esquerda, governou sem maioria, e com "o apoio de Mário Soares".

Recorrendo a metáforas, Rui Rio afirmou que o primeiro-ministro vai ter de "andar à pesca" e trocar a linha do anzol "conforme o peixe que quer pescar", o que não traz "estabilidade ao país". "Se a "geringonça" estava coxa, hoje não tem pernas para andar, está sentada numa cadeira de rodas e ninguém a quer empurrar", atirou o líder do PSD.

Por outro lado, António Costa sublinhou que a mudança política permitiu que Portugal "rompesse 16 anos de estagnação, para começar a convergir com a União Europeia", quanto ao crescimento.

António Costa colou o discurso de Rui Rio "ao do ano passado", sem nenhum orçamento retificativo, pedindo coerência ao líder da oposição: "Tanto pede aumento do IVA da restauração, como para baixar o imposto".

O primeiro-ministro lembra que o Presidente da República tem todas as condições para dissolver a Assembleia da República, assim como o Governo "não quer virar as costas a este momento de dificuldade".

Para Rui Rio, o resultado dos orçamentos aprovados com o apoio dos partidos mais à esquerda foi colocar Portugal "na cauda da Europa", sendo ultrapassado por países como a Estónia e a Lituânia. Rio nota que o salário médio em Portugal é o penúltimo na UE, só atrás da Bulgária.

O PSD afirma que a despesa corrente, nos últimos anos, aumentou 11 mil milhões de euros, para o produto nacional subir 15 mil milhões, o que considera ser uma modo de governação com um "Estado omnipresente", que deixa a sociedade "presa, sem conseguir evoluir".

Rui Rio gostaria de ver no Orçamento do Estado, por exemplo, respostas a problemas futuros nos setores do turismo e da energia - com, por exemplo, a redução do imposto sobre os combustíveis, que o Executivo de Costa fez subir.

Para o presidente do PSD, o Governo colocou-se de tal modo nas mãos de PCP e BE "que agora quem manda são eles".

"Perante este cenário, disse que não se demitia: como é que quer governar?", perguntou Rui Rio a Costa, depois de lembrar que o Presidente da República já afirmou que, não havendo Orçamento aprovado, tem de haver eleições.

Queda da geringonça? Costa admite que "seria uma grande frustração pessoal"

O primeiro-ministro concordou com a opinião da direita, assumindo que "é uma frustração pessoal se a maioria que se formou em 2016 chumbar o Orçamento", até porque "tinha um enorme potencial, que vai além do Orçamento".

"Seria uma grande frustração pessoal", admitiu Costa.

António Costa lembrou que Portugal é o segundo país da União Europeia com maior crescimento económico, pelo que "o Governo está mesmo no caminho certo".

"Ninguém percebe que o SNS, que teve que atravessar uma crise pandémica, foi reconhecido como um caso de sucesso, esteja agora num caos quando ainda nem chegou a época da gripe", disse, admitindo que o objetivo é continuar a apostar na saúde, valorizando as carreiras.

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