Deputado Pedro Rodrigues acusa direção do PSD e Rui Rio de "desorientação coletiva"

Pedro Rodrigues considera que a "obsessão que a direção do partido revela em suspender as eleições internas por si marcadas" mostra um "manifesto receio em enfrentar a opinião dos militantes".

O deputado do PSD Pedro Rodrigues reagiu esta segunda-feira à carta enviada pela Comissão Permanente do partido considerando o seu conteúdo pouco "comprometido com a verdade", e acusando a direção e o presidente de "desorientação coletiva".

Numa publicação na sua conta oficial da rede social Facebook, Pedro Rodrigues, ex-líder da JSD, defende que as "posições que a direção do partido tem tomado nos últimos e, em especial, o seu presidente, revelam uma desorientação coletiva" que o deixa "profundamente preocupado".

"A carta hoje enviada aos militantes com uma narrativa pouco comprometida com a verdade, o profundo desrespeito demonstrado por quem pensa de forma diferente e os ataques e pressões absolutamente inaceitáveis feitos ao Presidente da República significam um trajeto que o PSD tem rapidamente de inverter", lê-se na mensagem.

Pedro Rodrigues, que apoia Paulo Rangel nas diretas do partido que irão ter lugar a 04 de dezembro, considera que a "obsessão que a direção do partido revela em suspender as eleições internas por si marcadas" mostra um "manifesto receio em enfrentar a opinião dos militantes" e "significaria a perda da oportunidade de o partido desenvolver uma saudável discussão interno que permita assegurar a unidade do partido e o fortalecimento de uma alternativa galvanizadora para Portugal".

O deputado indica ainda que "ninguém no PSD pediu que a Direção Nacional marcasse eleições para a liderança do partido", tendo estas sido "marcadas pelo Conselho Nacional a pedido e na data proposta pela direção e pelo seu presidente", Rui Rio.

"O momento que vivemos exige que a direção do partido e o seu presidente revelem bom senso e serenidade e não caminhem no sentido da negação da realidade que nos pode conduzir a um processo similar ao que, infelizmente, se está a viver no CDS", frisa.

Pedro Rodrigues defende assim que o "PSD precisa de rapidamente concluir o seu processo de escolha de liderança, definir o seu candidato a primeiro-ministro" e o seu programa eleitoral, "sem expedientes e sem manobras de secretaria".

"Para que nos apresentemos aos portugueses com uma alternativa credível capaz de transformar Portugal e oferecer esperança aos setores mais dinâmicos da sociedade portuguesa, à classe média asfixiada pela carga fiscal e aos jovens que não encontram soluções para o seu futuro", refere.

Segundo o deputado, "esse é o único caminho" para aqueles que "colocam Portugal em primeiro lugar".

"Eleições internas não se suspendem." Pedro Rodrigues defende união "em torno de um projeto político alternativo ao PS"

Pedro Rodrigues, deputado e ex-líder da JSD, lembra que a data de 4 de dezembro foi proposta pela atual direção do partido. Reconhece que isso aconteceu numa altura em que ainda não se vislumbrava a crise politica e a realização de legislativas antecipadas, mas Pedro Rodrigues considera que isso não basta para adiar o ato eleitoral interno.

"As eleições internas e a democracia interna num partido como o PSD não se suspendem. Celebram-se, realizam-se e concretizam-se. A circunstância de estarmos hoje perante uma crise política de exclusiva responsabilidade do PS, o que nos deve conduzir é à conclusão, tanto mais rápido quanto possível, do processo interno que estamos a desenvolver e nessa sequência unirmo-nos, agregar-nos e entusiasmarmo-nos em torno de um projeto político alternativo ao PS", afirma, em declarações à TSF.

Pedro Rodrigues defende também a ideia de que, caso as diretas não se realizassem antes legislativas, isso só fragilizaria o próprio Rui Rio na disputa por essas eleições.

"Que sentido faria alguém ser candidato a primeiro-ministro depois de suspender um processo eleitoral interno? Que dúvida ficaria sobre saber qual seria a posição dos militantes relativamente à escolha daquele que deve ser o nosso candidato a primeiro-ministro? Que legitimidade teria esse candidato? Como é que enfrentaria o doutor António Costa? Como é que responderia ao doutor António Costa à pergunta de saber se esse candidato era verdadeiramente aquele que os militantes quereriam? Eu acho que ninguém quer isso, nem o doutor Paulo Rangel, nem o doutor Rui Rio", admite.

Pedro Rodrigues apoiou Rui Rio, em 2018, tendo sido coordenador da bancada social-democrata na Comissão de Trabalho e Segurança Social da Assembleia da República.

No entanto, em maio de 2020, anunciou a sua demissão desse cargo, criticando Rui Rio por "não se reunir e envolver devidamente o grupo parlamentar" e invocando "falta de confiança" da sua parte.

A Comissão Permanente do PSD enviou esta segunda-feira uma carta aos militantes do partido onde considera que a "antecipação das eleições internas" é "totalmente desajustada", defendendo que o PSD deve estar "unido" no combate aos "verdadeiros adversários".

Na missiva, o núcleo duro da direção do partido defende que as próximas eleições legislativas são uma "excelente oportunidade para o PSD aproveitar o bom resultado das autárquicas e ganhar essas eleições", permitindo a substituição de "uma governação totalmente à esquerda por uma outra mais moderada", liderada pelo partido.

"Para isso, em nome do interesse nacional e do nosso próprio partido, temos de estar unidos e totalmente focados no combate com os nossos verdadeiros adversários", refere.

A Direção Nacional do partido salienta assim que, "em face desta realidade", a antecipação das diretas do partido "para uma altura" em que "todos" devem estar "concentrados nas legislativas" é "totalmente desajustada das circunstâncias que o país está a viver e dos objetivos que o PSD deve prosseguir".

"Os portugueses esperam do PSD uma alternativa clara e credível ao PS. Não esperam um PSD virado para uma disputa interna, enquanto o PS e o Governo vão fazendo livremente a sua campanha, aproveitando as nossas divisões eleitorais", aponta a Comissão Permanente.

As diretas do PSD decorrem a 04 de dezembro, e apresentam-se como candidatos o atual presidente do partido, Rui Rio, e o eurodeputado Paulo Rangel.

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