Escrutínio prévio apresentado pelo Governo "foi um ato de verdadeiro inconseguimento"

Luís Montenegro defende que o que o Governo anunciou representa "níveis de interação" com candidatos a governantes que deveriam presumir-se "normais".

O presidente do PSD, Luís Montenegro, criticou esta quinta-feira como "um verdadeiro inconseguimento" a aprovação por parte do Governo do mecanismo de escrutínio prévio de novos governantes, que apelidou de um conjunto de "coisas óbvias e redundantes".

Aprovado esta tarde em Conselho de Ministros, o mecanismo prevê um questionário de 34 perguntas a que os protagonistas propostos pelo primeiro-ministro a Belém terão de responder sob compromisso de honra.

Montenegro vê no modelo aprovado uma tentativa, por parte do primeiro-ministro António Costa, "de se desresponsabilizar" e cita a antiga presidente da Assembleia da República, Assunção Esteves, para aprofundar a crítica.

"Foi um ato de verdadeiro inconseguimento", disse em entrevista à SIC Notícias, citando a antiga presidente da Assembleia da República, Assunção Esteves.

"Francamente, aquilo que o Governo, primeiro-ministro e porta-voz do Governo vieram dizer são coisas óbvias, redundantes, níveis de interação com as pessoas que escolhem e que são escolhidas que, presumo, sejam normais", incluindo, exemplificou, "saber o que é que cada um fez, o que é que cada um faz, o que é que cada um tem de potencial para acrescentar e potenciais problemas que possam vir a influenciar o seu desempenho".

Questionado sobre o futuro deste governo e a sua capacidade para continuar em funções, Montenegro defendei que, para o PSD assumir que o Governo deve cair, é necessário que "os portugueses queiram eleições" e aproveitou para garantir que "não brinca a moções", referindo-se às iniciativas de censura com que Iniciativa Liberal e Chega colocaram o Governo à prova em apenas nove meses.

Ainda assim, não deixa de fazer críticas à atuação do Governo e, em especial, do primeiro-ministro António Costa, que "devia ser responsabilizado pelos efeitos das políticas socialistas".

"Veja-se, por exemplo, o caso da TAP. É um crime político", declarou, reforçando que a administração da companhia "já não tem condições para continuar", tal como o ministro das Finanças, Fernando Medina, "que está diminuído".

Pinto Moreira sai da bancada

No início desta entrevista, o líder do PSD afirmou que Joaquim Pinto Moreira vai deixar a vice-presidência do grupo parlamentar social-democrata e a presidência da comissão parlamentar de revisão constitucional, após ter sido alvo de buscas domiciliárias no âmbito da operação Vórtex.

"O deputado Joaquim Pinto Moreira, que é um deputado que eu conheço muitíssimo bem e há muitos anos, vai renunciar hoje mesmo à sua posição enquanto vice-presidente do Grupo Parlamentar do PSD e como presidente da comissão de revisão constitucional", anunciou Montenegro na entrevista conduzida pelo jornalista Bernardo Ferrão.

O líder do PSD afirmou que esta decisão foi combinada com Joaquim Pinto Moreira na terça-feira: "Eu tive uma conversa nesse dia depois das diligências [judiciais] em que ele me procurou, precisamente para tentar perceber o que estava a acontecer".

O presidente da Câmara de Espinho, Miguel Reis (PS), um funcionário desta e três empresários foram detidos na terça-feira por suspeitas de corrupção ativa e passiva, prevaricação, abuso de poderes e tráfico de influências na Operação Vórtex, disseram à Lusa fontes ligadas à investigação.

No âmbito desta operação, a residência de Joaquim Pinto Moreira também foi alvo de buscas.

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