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O ex-presidente da Assembleia da República (AR) Eduardo Ferro Rodrigues criticou, esta sexta-feira, num artigo escrito no jornal Público, Cavaco Silva, afirmando que o antigo Presidente da República tentou "fazer as pazes com o seu eleitorado, à custa da demonstração de níveis de despeito e rancor políticos difíceis de aceitar".
"Os ovos de serpente já estão espalhados por muitos e importantes sítios à espera de serem chocados", escreveu o antigo líder do PS, apontando para comentadores ditos independentes, primeiras páginas de jornais, alinhamentos de telejornais, e atoardas nas redes sociais.
Ferro Rodrigues admitiu muitos erros do Governo, considerando que este "pôs-se a jeito", mas acrescentou que não é certo que a demissão de João Galamba, a ter acontecido, alteraria alguma coisa do que aconteceu desde então.
A António Costa, o antigo presidente da AR, pediu que não hesite em substituir quem for necessário no Governo para que "o país continue a avançar". Já a Marcelo Rebelo de Sousa, Ferro Rodrigues pediu que se deixe das suas "sucessão de teimosias" e que não deixe "que se instale no país a ideia de que a dissolução de um Parlamento com maioria absoluta de um só partido será o novo normal".
Para Ferro Rodrigues, o "caminho da banalização deste último recurso presidencial constitui um precedente muito perigoso, até mesmo aventureiro"
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"Era o que faltava abrir-se uma crise política com dissolução do Parlamento e eleições antecipadas neste contexto em que, de um lado, estão impasses de governação e decisão que podem e devem ser superados, e, do outro, o regresso das ameaças e falsidades de quem considera que vale tudo em democracia", sublinhou.
Ferro Rodrigues considera também que eleições antecipadas significariam "uma explosão da abstenção e o inerente crescimento da extrema-direita".
Sobre a saúde da democracia, Ferro Rodrigues desafiou todos a cuidarem dela e a deixar o país "progredir sem sobressaltos desnecessários".
"É imperioso e urgente reconstituir a confiança interinstitucional. Os momentos de sectarismo, de arrogância, de autoafirmação têm de ficar para trás. Portugal e os portugueses merecem que as vozes do passado não voltem a ter poder. A proximidade dos 50 anos está frequentemente ligada a maiores riscos de acidentes vasculares", sublinhou.