"Aquilo a que aqui assistimos é o que nunca defenderemos: o discurso de ódio, de desrespeito pelos portugueses e de ataque de portugueses contra portugueses", afirma Ana Catarina Mendes.
A V Convenção Nacional do Chega termina este domingo e o Governo, representado pela ministra Adjunta e dos Assuntos Parlamentares, referiu que os três dias foram "um incitamento ao ódio".
Os outros partidos nacionais que se fizeram representar na Convenção - todos eles de direita - afastaram-se do Chega. A Iniciativa Liberal garante que não haverá acordos com a extrema-direita e o PSD diz que o partido liderado por André Ventura "é o Bloco de Esquerda da direita". O CDS-PP assegura que continua a ser "o único partido em Portugal da direita democrata-cristã".
"Aquilo que aqui ouvimos foi um incitamento ao ódio"
Ana Catarina Mendes afirmou que o Governo foi convidado para estar na Convenção, mas, apesar "do mundo que o separa" do Chega, não poderia não estar presente.
"Aquilo a que aqui assistimos é o que nunca defenderemos: o discurso de ódio, de desrespeito pelos portugueses e de ataque de portugueses contra portugueses", disse a ministra Adjunta e do Assuntos Parlamentares.
E reiterou: "Aquilo que aqui ouvimos foi um incitamento ao ódio."
Ana Catarina Mendes pediu cooperação na União Europeia, construída para defender a paz e pediu respeito para os imigrantes.
"Todos os que aqui chegam têm direito e merecem ser tratados com dignidade", considera a ministra.
"O Chega é o Bloco de Esquerda da direita"
Miguel Pinto Luz garantiu que o PSD fez-se representar na Convenção do Chega "como faz com todos os partidos da Assembleia da República".
"O Chega é o Bloco de Esquerda da direita. É alguém que se alimenta da frustração coletiva para se tornar audível", comparou o vice-presidente do PSD.
O dirigente social-democrata acredita que só o PSD pode ser alternativa à atual maioria do PS e que, quando forem chamados às urnas, os portugueses vão escolher entre "um partido do berro" e "um projeto reformista e credível".
Sobre acordos entre o PSD e o Chega, Miguel Pinto Luz diz que ainda não é tempo para essa discussão.
IL pede fim de perguntas sobre acordos com o Chega
Rodrigo Saraiva, líder parlamentar da Iniciativa Liberal, afirmou que "sempre foi muito claro que não pode haver entendimentos com o Chega".
O representante liberal diz que vale a pena olhar para as propostas do Chega na Assembleia da República, que são "mais despesa hoje, para mais dívida amanhã, e mais Estado e dirigismo".
Rodrigo Saraiva não percebe a razão pela qual o Chega se queixa de ser conotado com ideias racistas e xenófobas, quando convida políticos da extrema-direita europeia.
"Assistimos aqui a discursos que um parecia encomendado por Moscovo, que em Portugal só o PCP o faz, e outro sobre xenofobia relativamente a comunidades religiosas", referiu.
"Há todo um mundo que nos separa. Escusam de continuar a perguntar-nos sobre se haverá acordos", concluiu.
CDS-PP "é um partido muito diferente do Chega"
Paulo Núncio, em representação do CDS-PP, começou por atacar o Executivo de António Costa e afirmou que "este Governo está em fim de ciclo, mesmo que continue".
"A nossa oposição é o PS. A esquerda e o PS são os nossos adversários no país", afirmou o vice-presidente centrista.
Ainda assim, Paulo Núncio afirma que o CDS-PP "é um partido muito diferente do Chega".
"O CDS é único partido em Portugal da direita democrata-cristã", considera.