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Em entrevista à TSF, a ministra da Presidência e da Modernização Administrativa afirmou que não está em causa a viabilidade de uma nova "Geringonça", mesmo depois da recente crise política desencadeada pela discórdia quanto à recuperação integral do tempo de serviço dos professores.
"Se foi possível até agora, também será possível depois. Há todas as condições [para continuar esta solução de Governo]", assegurou a ministra, acrescentando que o PS provou a sua capacidade de negociação ao longo da última legislatura.
Ouça aqui, na íntegra, a entrevista à ministra Mariana Vieira da Silva, conduzida por Ana Cristina Henriques e Anselmo Crespo
Declarações que contrariam a posição já assumida pelo presidente do PS, Carlos César, que criticou a falta de "sentido de responsabilidade" demonstrada pelo PCP e pelo Bloco de Esquerda.
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"Não creio que possa haver um futuro para um projeto apoiado por esses partidos, com o PS a assumir responsabilidades de Governo, se esse sentido de responsabilidade não for retomado por parte do PCP e do BE", declarou Carlos César.
"O que posso dizer, e confirmar, é que o país não é gerível com esta irresponsabilidade e este oportunismo que foi revelada pela aliança entre os partidos de direita e os partidos mais extremistas à esquerda", afirmou o líder parlamentar socialista e também presidente do partido.
Para Carlos César, os partidos à esquerda "dificilmente poderão ser parceiros num projeto com futuro e sustentabilidade" se "não compreenderem" a questão em cima da mesa atualmente com a carreira dos docentes.
Uma crise política espoletou, depois de PSD, CDS-PP, PCP e BE se terem juntado na Assembleia da República para passar a proposta da contabilização total do tempo de serviço dos docentes , que contou apenas com o voto contra do PS. A votação levou o primeiro-ministro, António Costa, a ameaçar apresentar a demissão do Governo, caso a medida seja aprovada em plenário.
"Os quatro partidos uniram-se para contar tempo de serviço dos professores, o que o Governo considera impossível", declarou Mariana Viera da Silva à TSF. A ministra afirma que os custos orçamentais desta medida seriam "insustentáveis" e acusa a direita de querer prometer aos professores algo que não tenciona cumprir. A ministra reiterou que a posição assumida pelo Governo se deve ao "respeito" que o Executivo tem pelos docentes, motivo pelo qual não lhes quer fazer "promessas vazias".
"Se é para o futuro, porquê aprovar agora? Porque não ir a eleições com as soluções para este problema no programa? Veremos, depois das eleições, se esta despesa e esta situação distinta entre algumas carreiras e outras faz sentido e deve ser assumida", disse Mariana Vieira da Silva.
A ministra da Presidência rejeita, no entanto, que esta situação venha alterar as relações entre o PS e os partidos à esquerda porque, sublinha, estes estão apenas "a defender o que sempre defenderam". "Quem mudou de posição", enfatiza, "foi o PSD e o CDS".
Mariana Vieira da Silva afirma, por isso, que há que "respeitar a coerência dos que votam coerentemente e questionara aqueles que mudaram de posição". "E que agora, aparentemente, vão mudar outra vez", rematou.
*com Anselmo Crespo e Ana Cristina Henriques
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