Incompetência, provocação e desilusão. A origem da guerra entre Joacine e o Livre

Os desentendimentos entre a deputada e a direção do Livre começaram há quase dois meses, pouco depois das eleições legislativas. E este parece ser o único ponto consensual entre as duas partes. Porque em tudo o resto, estão em desacordo.

O ambiente é de cortar à faca. Seja à mesa de jantar, ou na assembleia do partido, a convivência entre Joacine Katar Moreira e a direção do Livre está próxima do insustentável. A abstenção da deputada no voto de condenação aos ataques israelitas a Gaza, na passada sexta-feira, no Parlamento, foi apenas a gota de água. Porque o afastamento vem de trás.

E é aqui, na explicação para esta guerra interna, que as duas partes - Joacine e a direção do partido - desalinham as agulhas. À TSF, fonte do partido explica que, depois das eleições, Joacine Katar Moreira começou a afastar-se e a cortar, aos poucos, os contactos com as estruturas do Livre. Mas, do lado da deputada a explicação é outra.

Admitindo que a relação há muito que "não era pacífica" e que "as falhas de comunicação eram constantes", fonte próxima de Joacine conta à TSF que as coisas azedaram quando a deputada recusou os nomes propostos pelo partido para constituir a sua equipa na Assembleia da República e optou por ser ela a escolher com quem queria trabalhar.

Um jantar "chocante"

Um dos momentos mais esclarecedores sobre o ambiente que se vive entre Joacine Katar Moreira e o partido aconteceu no passado sábado, durante o jantar de aniversário do Livre. O frio que se sentia na rua não se comparava com a frieza com que a deputada terá sido recebida. "Chocante", terá mesmo considerado a deputada que sentiu a receção dos seus camaradas de partido como "uma violência."

Fontes próximas da deputada relatam que no momento em que entrou na sala, Joacine não só "não foi aplaudida", como "a maioria das pessoas não a cumprimentou", o que a levou a sentir uma "enorme estranheza".

A assembleia da discórdia

Menos de 24 horas depois, os membros do partido sentavam-se à mesa para uma assembleia que seria sempre tensa, mas que, depois do jantar do dia anterior, tinha uma carga ainda maior.

Em cima da mesa a tentativa de resolução de um problema que nunca teria solução fácil depois da troca de comunicados em público. A primeira proposta da mesa para criar uma mediação entre a direção do partido e a equipa de Joacine, terá agradado à deputada, mas não fez sentido a Rui Tavares. O fundador do partido lembrou que o partido tem órgãos próprios para este efeito, nomeadamente a subcomissão de ética e arbitragem, que pertence ao Conselho de Jurisdição.

A discussão prosseguiu, mas Joacine tinha onde estar. A deputada terá avisado que tinha que abandonar a assembleia por volta das 18h00. Alguns elementos do partido ainda lhe ofereceram boleia até Carregal do Sal, para onde ia viajar naquele final de tarde, mas Joacine acabou mesmo por abandonar a reunião magna por ter compromissos já assumidos e a que não queria faltar.

Ou seja, na hora de votar, já Joacine não estava na sala. A assembleia decidiu enviar o assunto para o Conselho de Jurisdição - que não era exatamente a proposta de Rui Tavares. Quando Joacine chegou a Carregal do Sal, ainda terá tentado entrar por videochamada, pedido que terá sido recusado.

Falta agora conhecer a decisão. Até lá, a deputada do Livre aguarda "pacificamente" e garante que não vai tomar qualquer decisão.

O ataque à deputada

Alguns membros da direção do Livre estão verdadeiramente desiludidos com a posição de Joacine Katar Moreira. Fonte do partido disse à TSF que a deputada abster-se na votação em causa foi uma "falha ideológica" e que o prazo para lei da nacionalidade ter passado foi uma "incompetência".

Depois disso, terá havido a sugestão de justificar a votação com um "engano", uma informação contrariada por fonte próxima da deputada, que garante que Joacine assumiu o erro de forma pessoal, no dia seguinte.

Uma defesa que não colhe junto da direção do Livre, que fala numa "provocação que tinha como intuito provocar uma crise" no partido.

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