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O líder e deputado único do Livre, Rui Tavares, defende que o caso do pagamento de uma indemnização de meio milhão de euros, pela TAP, à atual secretária de Estado do Tesouro é um sinal de que há, em Portugal, um "mundo" em que as regras "parecem ser ao contrário".
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Em declarações à TSF, Tavares explica que a primeira reação de um "cidadão comum" perante este caso é a de perplexidade perante "este mundo do trabalho, ou do mercado, em que as regras parecem ser ao contrário das regras normais para as pessoas comuns".
"Pelos vistos, há uma parte da nossa sociedade, em Portugal, num país onde se passa tanta dificuldade e onde este Natal foi tão duro para toda a gente, em que os salários de 17.000 euros são relativamente comuns", assinala o deputado, sem esquecer que Alexandra Reis saiu da companhia aérea ainda antes de terminar o mandato.
Rui Tavares lamenta existência de um mundo em que as regras "parecem ser ao contrário".
O que aconteceu, "seja a pedido da empresa ou a pedido do próprio" acabou por dar origem, nota, "a uma indemnização que é mais do que aquilo que muita gente demora décadas para ganhar e que era capaz de pagar as prestações do empréstimo imobiliário de algumas famílias".
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Perante o esclarecimento da governante, que garantiu esta segunda-feira que nunca aceitou, e que devolveria "de imediato" caso lhe tivesse sido paga, qualquer quantia que acreditasse não estar no "estrito cumprimento da lei" na sua saída da TAP, Rui Tavares diz querer acreditar que "tudo é absolutamente legal", mas não sem contrapor.
"A verdade é que isto, do ponto de vista de diferença, da diferença que revela entre aquilo que passam a maior parte dos trabalhadores e o que se vive em determinados meios, é imoral", lamenta, "e essa diferença imoral é algo para que os políticos têm de estar muito atentos, os ministros têm de estar muito atentos e uma secretária de Estado também tem de estar muito atenta".
A responsabilidade dos governantes.
Para o líder do Livre, "há uma responsabilidade pública e cívica, num cargo governativo, que deve passar por não aceitar que as coisas sejam banalmente, normalmente, assim".
Numa declaração escrita enviada à Lusa, Alexandra Reis disse que o acordo de cessação de funções "como administradora das empresas do universo TAP" e a revogação do seu "contrato de trabalho com a TAP S.A., ambas solicitadas pela TAP, bem como a sua comunicação pública, foi acordado entre as equipas jurídicas de ambas as partes, mandatadas para garantirem a adoção das melhores práticas e o estrito cumprimento de todos os preceitos legais".
Alexandra Reis, que tomou posse como secretária de Estado do Tesouro na última remodelação do Governo, ingressou na TAP em setembro de 2017 e três anos depois foi nomeada administradora da companhia aérea.
A agora governante renunciou ao cargo em fevereiro e, em junho, foi nomeada pelo Governo para a presidência da Navegação Aérea de Portugal (NAV).