Líder comunista defende que "tudo o que é avanço, tudo o que é medida positiva a favor dos trabalhadores e do povo, tem a marca do PCP e do PEV, dos partidos da CDU".
Corpo do artigo
O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, acusou o seu homólogo socialista e primeiro-ministro, António Costa, de "enfeitar-se" agora com medidas propostas pela CDU e às quais o Governo se opôs e resistiu inicialmente.
Num comício noturno no Centro Cultural de Samora Correia, Santarém, o líder comunista defendeu que "tudo o que é avanço, tudo o que é medida positiva a favor dos trabalhadores e do povo, tem a marca do PCP e do PEV, dos partidos da CDU".
TSF\audio\2019\09\noticias\24\21_liliana_costa_jeronimo_enfeita_ps
"Avanços conquistados a pulso. Pode o Governo do PS tomar para si e enfeitar-se com os avanços que foram alcançados, dizendo que são o resultado das suas opções, que não pode desmentir, nem iludir esta simples verdade: muito do que se alcançou começou por ter o seu desacordo, a sua resistência e até a sua oposição. O que se avançou, é preciso dizê-lo, avançou-se porque o PS não tinha os votos para, sozinho, impor a política que sempre, ao longo de quatro décadas, fez sozinho ou com o PSD e o CDS", disse.
Entre as medidas citadas estiveram o aumento e fim dos cortes dos salários, a reposição dos dias feriados e do subsídio de Natal, o aumento extraordinário das pensões e reformas, o desagravamento do IRS, a valorização das prestações sociais no desemprego, o aumento do abono de família, a valorização das longas carreiras contributivas, mas também os manuais escolares gratuitos, as reduções nas propinas e nas taxas moderadoras na saúde, entre outras.
Segundo Jerónimo de Sousa, "infelizmente, o PS, tal como antes PSD e CDS fizeram, manteve na sua governação opções subordinadas às imposições de Bruxelas em nome de umas tais 'contas certas' que esqueceram o país, confrontado com enormes atrasos e que solicitava uma aposta decidida no investimento público, e vai continuar a esquecer, se vingar a opção estabelecida no seu Programa de Estabilidade submetido a Bruxelas para os próximos quatro anos".
"Acertam-se as contas com Bruxelas e deixa-se o país a arrastar os pés", lamentou, sublinhando que "os riscos de andar para trás existem não apenas com o voto no PSD e CDS, mas também com o voto no PS".
"Veja-se como hoje acenam com o espantalho de novas crises para justificar a recusa de medidas para resolver os problemas dos trabalhadores e das populações e como dramatizam o discurso contra o perigo das exigências excessivas que põem em causa a estabilidade", alertou o secretário-geral comunista.
Jerónimo de Sousa esclareceu ainda que as eleições legislativas de 06 de outubro "não são para eleger primeiros-ministros, são para eleger deputados", já que "a vida política nacional recente desfez esse engano, com o decisivo contributo do PCP".
"Nem a votação é para eleger nenhum governo, como agora se insinua também. Um novo artifício com o mesmo objetivo. Não há eleição automática de nenhum governo. É para eleger deputados e só deputados", vincou.