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Entre as várias vozes discordantes da aceitação do apoio do Chega, pelo PSD, nos Açores, com ou sem acordo escrito, surge Jorge Moreira da Silva, que foi secretário-geral, vice-presidente do PSD, e líder da JSD.
Num artigo publicado na edição do jornal Público, o antigo ministro de Passos Coelho fala de traição aos valores do partido e pede a realização de um congresso extraordinário a tempo das autárquicas e legislativas.
Jorge Moreira da Silva fala de um momento de choque intenso. Foi essa a reação que teve quando soube do acordo do PSD com o Chega nos Açores, mas "repulsa" e "esperança" são também mencionadas por Jorge Moreira da Silva quando descreve o momento em que recebeu a informação.
Essa esperança foi "em vão", escreve o antigo governante, porque as razões avançadas pela direção nacional do PSD trouxeram mais perplexidade e tristeza.
Ouça a explicação da jornalista Sara de Melo Rocha
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O antigo ministro de Passos Coelho considera que a solução governativa para os Açores é uma alteração radical do posicionamento ideológico do partido, o que, afirma, se trata de uma "traição" aos valores e princípios sociais-democratas.
Moreira da Silva defende que quem ganha deve governar e lembra que foi contra a solução da "geringonça", em 2015. Os maus exemplos dos outros não devem ser imitados, argumenta.
Para o antigo vice-presidente do PSD, não se fazem acordos com partidos "xenófobos" e "racistas", nem negociações ou sequer conversas formais ou informais.
Nas palavras deixadas a José Bolieiro, Jorge Moreira da Silva define-o como "competente" e "íntegro" e diz que será um "excelente" presidente de governo. No entanto, o antigo ministro considera que a solução encontrada vai castigar o PSD mais à frente, com efeitos nefastos nas eleições entre o eleitorado moderado de centro e entre os mais jovens.
Moreira da Silva aponta que esta decisão pode ter atirado o partido para o grupo de forças políticas que só atinge os 15% a 20%. Por isso, de acordo com o antigo governante, impõe-se a realização de um congresso extraordinário, a acontecer bem antes das eleições autárquicas e legislativas, de forma a definir a política de coligações dos sociais-democratas e clarificar a questão da identidade, não do PSD mas da atual direção.
O ex-líder da JSD garante que vai bater-se pela interdição de qualquer tipo de entendimento com o Chega em eleições autárquicas e legislativas.