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Eleita em janeiro de 2022, a maioria absoluta do Partido Socialista liderada por António Costa teve de enfrentar, ainda antes da posse, a mudança no cenário internacional e consequente crise energética provocada pela invasão russa da Ucrânia, em fevereiro.
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Na leitura de António Costa Pinto, politólogo e Investigador coordenador do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, a guerra obrigou o executivo a "ensaiar uma série de medidas internas de mitigação dessa crise."
Foi assim 2022 na política nacional
Entre elas estiveram vários apoios sociais atribuídos de forma faseada e sem comprometer, no futuro, a estabilidade das contas públicas.
No plano político, António Costa Pinto aponta "falhas significativas na coordenação" do executivo, algo "relativamente inédito em governos de maioria absoluta."
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"Esta maioria absoluta não deu origem a um governo novo. Na realidade o que António Costa fez, foi realizar a remodelação que tinha prometido no final de 2021, e na realidade só veio com a maioria absoluta em 2022."
António Costa Pinto diz que António Costa tem apresentado dificuldades de coordenação
O politólogo sublinha que, de forma invulgar, esta descoordenação ocorre quando "o núcleo duro do governo foi inegavelmente reforçado por políticos do Partido Socialista com grande experiência," o que poderia ter compensado a "menor atenção de António Costa na dinâmica de coordenação governamental" tendo em conta a situação de emergência europeia.
Entre as eventuais razões para as falhas, António Costa Pinto admite que pode ter pesado o facto de "não ter sido designado, mesmo que informalmente, um vice-primeiro-ministro, ou seja, um número dois que tenha uma autoridade e uma capacidade de coordenação". Um papel que poderia passar pelo "reforço de funções de Mariana Vieira da Silva."
Para António Costa Pinto, descoordenação pode resultar do facto de não existir alguém que desempenhe o papel de número dois do Governo