Marcelo pede "levantamento rigoroso" das condições socioeconómicas dos jornalistas até 2024

Chefe de Estado assinala que é preciso "não se falar de cor ou na base de intuições" sobre a forma como é feito o jornalismo no país e sugere um estudo que envolva o Ministério da Cultura e fundações.

O Presidente da República quer que, até janeiro de 2024, sejam estudadas, de forma "rigorosa", as condições socioeconómicas dos jornalistas portugueses.

Na cerimónia de entrega dos Prémios Gazeta 2021, os mais importantes prémios do jornalismo nacional, que decorreu na Câmara Municipal de Lisboa, manifestou-se "mais otimista" em relação à situação do jornalismo em Portugal do que em anos anteriores, mas notou que é preciso fazer um levantamento de informação a tempo do próximo Congresso dos Jornalistas, que acontece em janeiro de 2024.

"Terá de ser feito um estudo sobre a situação socioeconómica dos jornalistas", apelou, mesmo que tal "custe dinheiro e dê trabalho".

Marcelo Rebelo de Sousa defende que "tem de se saber como é na imprensa, na rádio, na televisão, na imprensa nacional, na imprensa regional e na imprensa local", mas também "quem são e como é que trabalham" os jornalistas destes meios.

"Todos temos ideias sobre isso, mas não há um estudo sobre isso", lamentou, sugerindo um estudo "em colaboração porventura até com o Ministério da Cultura e com fundações".

O Presidente da República defende que há "tempo para fazer um levantamento rigoroso desse universo" de modo a "não se falar de cor ou na base de intuições" sobre a realidade do jornalismo em Portugal.

Por outro lado, Marcelo Rebelo de Sousa pediu para se "dar um protagonismo especial na preparação do congresso e no congresso aos mais jovens".

"Assim como tivemos aqui premiados muito jovens, temos de ter no Congresso protagonistas muito jovens a dominar o congresso. Tem de ser um congresso de futuro. Eu não estou a banir nem a guetizar ninguém nem a sugerir que isso se faça, mas estou só a dizer que essa é a única maneira de verdadeiramente ter sangue novo num momento crucial", acrescentou.

De acordo com o Presidente da República, "os problemas críticos" do jornalismo a que se tem referido em anteriores edições destes prémios continuam "substancialmente presentes" na profissão: "A instabilidade económica, financeira, a precariedade, o recurso a soluções de emergência a ou de expediente."

Marcelo Rebelo de Sousa propôs também que se analise "o papel fundamental das escolas de jornalismo, como está a ser o ensino nas escolas, como é que se liga à realidade, como é que está a ser a riquíssima investigação científica sobre jornalismo".

"E ou isto se prepara e se faz até janeiro de 2024 ou, se não, será o muro das lamentações, e é pouco. Na atual situação e na situação previsível em termos económicos financeiros e sociais, é pouco", disse.

A reportagem da TSF "A Ilha do Tempo", do jornalista Nuno Guedes com sonoplastia de Pedro Picoto, foi distinguida nesta edição dos Prémios Gazeta.

Pode ler e ouvir o trabalho premiado nos blocos abaixo:

Políticos têm de "aprender a aceitar a crítica"

Na mesma cerimónia, o Presidente da República considerou que todos os políticos têm de "aprender a aceitar a crítica", atribuindo-se também esse dever, e aconselhou a que se recuse "o discurso da lamentação democrática".

"A última coisa que podemos fazer é o discurso da lamentação democrática. Não façamos esse favor a quem gosta menos do que devia gostar da democracia", apelou.

Sem falar de nenhum acontecimento em concreto, Marcelo Rebelo de Sousa afirmou que "a democracia constrói-se pela positiva" e acrescentou: "Têm todos de aprender isso, os políticos têm de aprender a aceitar a crítica, eu tenho de aprender a aceitar a crítica, tomos temos aprender a aceitar a crítica."

O Presidente da República apontou estes prémios de jornalismo como "uma afirmação de esperança" e defendeu que "onde não há uma comunicação social muito, muito forte não há uma democracia muito, muito forte".

Na sua opinião, "viu-se aqui nestes prémios, vê-se ano após ano" que Portugal tem "condições para ter uma comunicação social muito, muito forte".

"Ah, mas há outra comunicação social que não é bem aquela que desejamos, presa à espuma dos dias. Mas a espuma dos dias pode trazer consigo preocupações estruturais", observou.

No fim da sua intervenção, o chefe de Estado exclamou: "A luta continua, a democracia está viva."

O presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas, também discursou nesta cerimónia realizada no Salão Nobre dos Paços do Concelho.

Os Prémios Gazeta são uma iniciativa do Clube de Jornalistas. Esta 37.ª edição teve o apoio principal da Câmara Municipal de Lisboa e da Associação Mutualista Montepio.

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