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O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, recordou esta quarta-feira, na TSF, em reação à morte de Jorge Coelho, a imagem da noite em que o antigo governante assumiu "em plenitude" a responsabilidade política e administrativa pela tragédia em Entre-os-Rios, "sem uma hesitação e uma dúvida, em cima do acontecimento".
Jorge Coelho marcou a atividade política do país ao demitir-se do cargo de ministro do Equipamento do Executivo de António Guterres, após a queda da ponte, a 4 de março de 2001, alegando que "a culpa não pode morrer solteira".
Este foi um gesto "singular e raro na nossa democracia e nas democracias em geral", reconhece o chefe de Estado, que elege esse ato como "o mais relevante".
Ouça o testemunho do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa
Jorge Coelho passou pela vida pública portuguesa como "governante, parlamentar, conselheiro de Estado, dirigente partidário, analista político e gestor empresarial" com qualidades como a "intuição, capacidade analítica, sentido de humor, espírito combativo, gosto pela polémica, mas também a afabilidade pessoal" que o levava a gerar entendimentos quando estes eram importantes.
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A humanidade de Jorge Coelho passou "para a vida partidária e para além" dessa, reconhece o Presidente da República. "Teve funções no mundo empresarial e no mundo associativo e, na política, mantinha um diálogo que, em alguns momentos, foi muito importante e significativo, com pessoas de outros quadrantes. Ele gostava das pessoas."

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Enquanto era líder da oposição, Marcelo Rebelo de Sousa "foi alvo de alguns dos mais contundentes ataques políticos, mas nunca pessoais" de Jorge Coelho, mas a convivência e a intuição tornavam-no uma pessoa "afável e querida, que deixou tanta amizade e um sentimento de choque".
Marcelo Rebelo de Sousa não considera que Jorge Coelho tenha sido um "concorrente" no comentário político televisivo, assinalando que a observação do antigo governante era mais "pessoal e não alinhado", longe do plano mais teórico e das abstrações, e "mais sensível ao que era a reação emotiva das pessoas".
O ex-ministro Jorge Coelho foi vítima de doença súbita. O antigo político foi comentador do programa Quadratura do Círculo e Circulatura do Quadrado da TSF, tinha 66 anos.