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André Ventura garantiu que não vai contribuir para que os polícias sejam perseguidos e, por isso, assegura que só se o obrigarem é que vai revelar os nomes dos agentes da autoridade com ligações ao partido.
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"Não peçam ao Chega que colabore com o Governo a dizer se os polícias são ou não próximos do Chega, se as suas famílias são ou não próximas do Chega, se eles são ou não militantes do Chega para irem atrás deles, suspenderem os salários, as carreiras e a progressão das suas vidas. Não o faremos, a menos que sejamos intimados pela justiça para tal. Não se pode pedir aos polícias que olhem para o lado e não vejam a sociedade em que estão a viver. Não podemos fazer dos polícias robôs que não podem ter nenhuma participação política, nenhuma preferência nem nenhuma ligação", sublinhou.
Além disso, Ventura garantiu que o Chega é contra todas as práticas de racismo, xenofobia e descriminação e acusou o Governo de estar a aproveitar esta investigação jornalística para denegrir a imagem dos polícias.

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"Tudo o que temos feito prende-se com exigir que todos tenham direitos e deveres, para que ninguém esteja acima da lei e todos - políticos, militares e polícias - estão igualmente nas mesmas circunstâncias. O Governo aproveita para denegrir a sua imagem, procurando associar estas práticas a um determinado partido, que é o Chega. Continuaremos a fazer a luta que temos de fazer pelas forças policiais, mas não podemos tolerar que o Governo, para desviar atenções, queira fazer do Chega bode expiatório", explicou Ventura na Assembleia da República, em reação às alegadas mensagens de ódio de polícias.
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O líder do partido de extrema-direita argumentou também que, durante anos, ninguém se preocupou que outras classes profissionais fossem próximas do PCP, BE ou PS.
"Não aceitaremos fazer esse jogo com o Governo, IGAI ou MAI. O que está a acontecer entre o Governo e os polícias diminui a qualidade da nossa democracia. É público que alguns destes jornalistas são próximos de partidos de esquerda, mas isso não muda o teor da reportagem. A imprensa fez o seu papel e continua a fazê-lo. Não podemos é permitir que o Governo aproveite essa onda para agora ir perguntar aos polícias se são simpatizantes ou militantes do Chega", afirmou o presidente do Chega.
Por fim, o líder do partido revelou ter informações de que os polícias estão a ser questionados, nas respetivas esquadras, sobre aproximações ao Chega.
"O que está a acontecer é um saneamento e perseguição à classe policial", acrescentou André Ventura.
Um consórcio de jornalistas de investigação divulgou uma reportagem de Pedro Coelho, Filipe Teles, Cláudia Marques Santos e Paulo Pena na SIC, no Setenta e Quatro, no Expresso e no Público, que mostra que as redes sociais são usadas para fazer o que a lei e os regulamentos internos proíbem, com base em mais de três mil publicações de militares da GNR e agentes da PSP, nos últimos anos.
Na quarta-feira foi divulgado que a Inspeção-Geral da Administração Interna vai abrir um inquérito à veracidade das notícias que referem a publicação, por agentes das forças de Segurança, de mensagens nas redes sociais com conteúdo discriminatório e que incitam ao ódio.
Numa nota do gabinete do ministro da Administração Interna é dito que José Luís Carneiro determinou à Inspeção-Geral da Administração Interna (IGAI) "a abertura de inquérito, imediato, para apuramento da veracidade dos indícios contidos nas notícias de hoje [quarta-feira] sobre a alegada publicação, por agentes das forças de segurança, de mensagens nas redes sociais com conteúdo discriminatório, incitadoras de ódio e violência contra determinadas pessoas".