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Luís Montenegro nem tinha sido questionado pela escolha da relatora da Comissão Parlamentar de Inquérito à TAP, mas aproveitando uma pergunta sobre este dossiê, o líder do partido foi taxativo: "O PS já não fica satisfeito em ter a presidência desta comissão, também quer ter o relator desta comissão? Só falta mesmo saber se o Partido Socialista já tem as conclusões feitas."
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A observação causou um espanto generalizado porque, recuando menos de 24 horas, a posição do PSD foi totalmente oposta. No decorrer da reunião desta quarta-feira, o PS apresentou o nome de Ana Paula Bernardo enaltecendo o currículo da deputada eleita pelo círculo do Porto.
Conheça as posições do PSD e do PS sobre a escolha de relatora na CPI da TAP.
Depois da apresentação feita pelo deputado Carlos Pereira, o deputado do PSD Paulo Moniz expressou a opinião do partido: "Começar por felicitar a deputada Ana Paula Bernardo por este desafio, ao qual naturalmente não nos opomos à escolha feita pelo PS. Queremos, como se impõe, endereçar votos de que o trabalho seja rigoroso e reflita tudo o que esta CPI consiga demonstrar, porque este é o objetivo fundamental e primeiro de um relator. Temos essa firme expectativa nesta fase, o currículo que o deputado Carlos Pereira acabou por ler não nos levanta ou suscita qualquer dúvida em relação a essa matéria. É aquilo que se impõe sempre: desejar um excelente trabalho enquanto relatora."
Ora, confrontado com o facto de o nome da deputada ter sido aprovado por unanimidade sem sequer ter havido propostas alternativas, Luís Montenegro aponta ao PS: "O Partido Socialista tem maioria absoluta e decidiu que devia juntar à presidência, o facto de ter também o relator o que, do meu ponto de vista, é uma decisão errada que não enobrece os trabalhos da comissão parlamentar de inquérito."
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"A vontade do PS é irrebatível, a partir do momento em que o Partido Socialista a apresentou como facto consumado, nós não temos votos, infelizmente, a oposição não tem votos para contrariar", nota Luís Montenegro considerando que é "um mau indício" relativamente à postura socialista nos trabalhos desta Comissão de Inquérito.
Coordenador do PSD na CPI justifica-se
Com o dia de trabalhos parlamentares a correr e com o assunto a ganhar escala, sobretudo depois de o PS ter vindo a público surfar a onda e acusando o PSD de "desnorte total" neste assunto da relatora da CPI, a bancada social-democrata marcou uma nova reação na Assembleia da República.
Paulo Moniz, coordenador do partido na CPI, justificou a aceitação da relatora Ana Paula Bernardo porque "é evidente que o PS nunca abriria mão de indicar o relator desta CPI". "É uma questão que me parece claríssima", vinca o deputado sem explicar claramente porque é que não apresentou uma proposta ainda que pudesse, de facto, vir a ser chumbada como acontece não raras vezes com projetos de lei.
"Temos várias vezes acusado e feito o realce do rolo compressor que tem sido o PS em relação às propostas do PSD", acrescenta.
Além disso, o parlamentar destaca que o PS está a recorrer a "uma manobra" para desviar o foco da informação que ficou patente num requerimento do PSD de que Alexandra Reis colocou o lugar à disposição da tutela em dezembro de 2021.
Depois de Luís Montenegro ter considerado errada a decisão de ter uma relatora do PS, Paulo Moniz, que anuiu com a escolha na reunião da CPI, notou que há "perfeita sintonia" entre as estruturas políticas do partido.
atualizado às 20:12 com declarações de Paulo Moniz