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A ideia de Luís Montenegro era apresentar todos os mandatários da candidatura, mas o objetivo subjacente foi outro: dar resposta a todas as críticas e subir o lume da campanha interna. Debates? "Adoro" e diz que só não se realizam por responsabilidade do adversário. Falta de ideias? "Não retive nada da biodiversidade política vinda da outra candidatura".
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Começando precisamente pelos frente-a-frente, no caso, ausência deles, o antigo líder parlamentar do PSD fez questão de dizer que queria que ficasse claro que "de forma cristalina e transparente". "Se há característica que me podem imputar é que adoro debates, tenho centenas de debates realizados, nunca recusei debates", afirmou dirigindo-se aos mandatários presentes na sede distrital do PSD em Lisboa.
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Um dia depois de Jorge Moreira da Silva ter acusado Montenegro de rejeitar debater, Montenegro esclarece que existiam dois debates previstos - um na rádio e outro na televisão. Sobre o da rádio pensado para a próxima semana, Montenegro diz que o adversário "não pôde confirmar"; sobre o da televisão, na próxima semana, tendo em conta o facto de Moreira da Silva ter testado positivo à Covid-19, a candidatura "fez o exercício normal de partir do princípio de que esta semana não haveria essa disponibilidade".
Mas os debates foram só o princípio do ataque ao adversário porque, sem perder tempo, Luís Montenegro diz que tem ouvido acusações de ter "poucas ideias, pouco pensamento para o país". Vai daí que, durante largos minutos, passa em revista a moção que apresentou na semana passada, com ideias como o pacto para digitalização ou combate às alterações climáticas, ou ainda repetindo que o governo tem "folga orçamental" e que tem de dar resposta ao crescimento da inflação com essa verba.
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A partir daí foi sempre a abrir com tiradas como: "não padeço nem de arrogância intelectual, nem de arrogância política, já faço política há muitos anos para dizer isto sem poder sem contrariado, não tenho esses males" ou "àqueles que queiram tentar, não pensem que me vão diminuir muito facilmente e que, muito menos, o vão fazer de forma irresponsável e despudorada porque não vou aceitar isso e vou contrariar com factos".
Sem mencionar o adversário, mas obviamente a falar para ele, Montenegro arranca sorrisos dos presentes com a farpa final: "é muito bonito dizer que se tem ideias, que se tem pensamento, mas depois fica tudo na biodiversidade política que não chega a materializar-se numa mensagem que possa ser entendível".
Crítica clara seguida de uma espécie de "também fiz, também tenho, também estive", com o candidato de Espinho a lembrar que anda na vida pública e privada há muitos anos, tendo sido deputado durante 16 anos, seis dos quais como líder parlamentar.
Escudando-se precisamente no trabalho na Assembleia da República, Montenegro enumerou durante alguns minutos que esteve "no centro do debate político e da produção legislativa" em todas as áreas, elencando-as, e até concluindo que esteve envolvido em processos de revisão constitucional.
Tudo para um objetivo: mostrar que está preparado, não só para o PSD, mas para o país. "Estou mesmo preparado e motivado para regenerar o PSD, para reafirmar o PSD e muitíssimo preparado - e preparar-me-ei ainda mais nos próximos anos - para ser primeiro-ministro de Portugal", garante, deixando agora a bola do lado dos militantes que vão às urnas no próximo dia 28 de maio.