"Não é para 2022, é para já." BE volta à carga com proposta para "recuperar SNS"

Bloco de Esquerda insiste na contratação efetiva de profissionais de saúde, na exclusividade no SNS e no estatuto de risco e penosidade e lança debate público com entrega de proposta de lei. Moisés Ferreira nega à TSF tratar-se de um "caderno de encargos" para OE2022, até porque defendem que estas medidas "são para aplicar agora".

Não, não são linhas para as negociações que hão de estar para breve com vista ao Orçamento do Estado para 2022, mas o governo bem poderá ter uma ideia do que o Bloco vai reivindicar na área da saúde com a proposta de lei que vai dar entrada na Assembleia da República e a que a TSF teve acesso. Na verdade, algumas delas já são "exigências" do ano passado e passam pela conversão de contratos precários em efetivos, a exclusividade de profissionais e o estatuto de risco e penosidade.

Com o título "Recuperar o Serviço Nacional de Saúde", a proposta de lei do Bloco visa mostrar que "o SNS e os seus profissionais são fundamentais para o país" e junta um alargado leque de medidas que, no entender do partido, daria esse sinal aos profissionais e ainda prepararia os serviços de saúde para o "recrudescimento da pandemia", mas também para o "pós-Covid".

À TSF, Moisés Ferreira lembra que "está a haver uma redução de profissionais no SNS" e crê que é explicada "por o governo não estar a valorizar devidamente os profissionais e, por outro lado, por não estar a vincular os profissionais que foram contratados de forma precária". Na exposição de motivos do projeto de lei, o partido nota que entre março e maio saíram 600 profissionais e que "há muitos trabalhadores que estão a terminar contratos precários".

Para combater isso, o Bloco sintetiza neste projeto aquilo que vem defendendo há muito: a conversão de contratos precários em contratos definitivos, o estatuto de risco e penosidade, a dedicação plena e respetivos incentivos, autonomia para contratação, retirada do SNS da Lei dos Compromissos e ainda retirar as quotas para a criação de Unidades de Saúde Familiar.

Não é para o Orçamento, é para já

Numa altura em que muito dificilmente este projeto irá a debate na Assembleia da República, dado os agendamentos estarem feitos até ao final da sessão legislativa, o governo pode também ficar aqui com um mapa das prioridades do Bloco de Esquerda no campo da saúde se quiser voltar a ver o antigo parceiro a viabilizar o Orçamento.

Moisés Ferreira nega à TSF tratar-se de um "caderno de encargos", mas a verdade é que o projeto sintetiza bem as várias prioridades do partido que até tem uma hierarquia: "essencial, essencial, neste projeto de lei, é reconhecer que os profissionais são imprescindíveis para o país e, por isso, tem de haver medidas concretas e robustas para valorizar os profissionais, colocá-los em exclusividade, pagar-lhes mais, melhorar as suas carreiras e garantir que eles estão mesmo no SNS para sempre e não durante um, dois, três ou quatro meses, como têm sido feitas a maior parte das contratações do governo durante a pandemia".

"Nós podemos ler este projeto de lei como medidas que já eram urgentes há um ano, que já se sabia há um ano que iam ser necessárias, medidas às quais o governo fechou os olhos e que agora, por inação, se tornam ainda mais necessárias. Não é um caderno de encargos para 2022, é mesmo algo que é preciso aplicar agora", conclui o deputado.

Para que o debate possa ainda ser feito nesta sessão legislativa, o Bloco de Esquerda ainda vai tentar ver se consegue fazer um arrastamento na Assembleia da República, mas, em todo o caso, Moisés Ferreira lembra que "o próprio governo pode olhar para este projeto e avançar com determinadas medidas". Caso contrário, a discussão segue depois das férias parlamentares... ou nas negociações do Orçamento.

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