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O candidato apoiado pela Iniciativa Liberal, Tiago Mayan Rodrigues, visitou um hospital em Miranda do Corvo. Depois de um investimento de dez milhões de euros, o hospital compaixão continua de portas fechadas, por inaugurar, desde 2019.
Tiago Mayan percorreu os três pisos do edifício, que conta com 55 camas instaladas em quartos vazios e equipamentos de última geração, como três ventiladores. O candidato liberal ouviu os lamentos de Jaime Ramos, presidente da fundação que investiu no hospital, e que continua sem chegar a acordo com o Ministério da Saúde.
"Não tenho explicação a não ser uma: falta um sobressalto no país, e o Governo tem de ser capaz de fazer boas políticas de saúde, mas não pode ficar cego por politiquices, sectarismo, e políticas ideológicas que estão a matar pessoas. Esse sobressalto é responsabilidade do primeiro-ministro, já que a ministra da Saúde não é capaz de o fazer", argumenta.

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O anterior ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, tinha previsto inaugurar o hospital no início de 2019, mas desde que Marta Temido assumiu o cargo, Jaime Ramos garante que nunca mais conseguiu falar com o ministério
Em tempo de pandemia, a fundação já disponibilizou os equipamentos ao Governo, mas não receberam resposta. "A razão porque não abre, têm de perguntar à ministra. Quando ainda não havia casos em Portugal, oferecemos o hospital ao Governo, mas não obtivemos resposta. Ontem, voltei a insistir, mas também não tive resposta", sustenta.
Os ventiladores do hospital já foram emprestados ao IPO de Coimbra, durante um surto na região.
Tiago Mayan lembra que os casos de Covid-19 na região Centro estão a aumentar, como em todo o país, e volta a apontar o dedo ao Governo por não utilizar toda a capacidade instalada na saúde.
"Independentemente de ideologias, tenho de voltar a repetir que o Ministério da Saúde tem de começar a utilizar toda a capacidade instalada, a começar por este hospital. A região Centro está a chegar a um ponto de rutura, e temos este equipamento com valências únicas na região, e não está a ser utilizado", aponta.
Hospital fechado? "É um atropelo à Constituição"
Para Tiago Mayan, independentemente das ideias e das ideologias de como se devem prestar os serviços de saúde em Portugal, "é incompreensível" que toda a capacidade instalada do país não esteja a ser usada, quer a privada ou social.
"Como esta, um hospital em que privados do setor social investiram 10 milhões de euros, um hospital que está disponível para abrir desde 2019 e que, de facto, tem todo um conjunto de valências que seriam absolutamente necessárias neste contexto", frisou.
O candidato liberal diz que o encerramento do hospital é um atropelo à Constituição, e demonstra que nem todos têm acesso à saúde.
"O que temos é um país, mas dois sistemas: que tem acesso à ADSE e a seguros de saúde tem acesso a toda a oferta, privada e pública. E depois há o acesso universal às listas de espera e, neste caso, a inexistência de acesso", diz.

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Tiago Mayan alerta ainda para a falta de diagnósticos ao cancro, o que pode significar uma "pandemia oncológica" nos próximos anos.
O hospital já foi visitado por anteriores ministros, está concluído e equipado há mais de um ano, mas continua sem inauguração prevista. Em Miranda do Corvo, a administração garante que tudo está pronto para auxiliar o setor da saúde.
A questão da saúde tem sido um dos temas praticamente diários da campanha do liberal. Na sua opinião, o atual sistema "não garante acesso universal os cuidados de saúde" e "está a por em causa um direito constitucional".