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Nuno Melo reiterou que vai apresentar uma moção de estratégia global, devido à avaliação, recheada de "aspetos preocupantes" que faz do "estado geral" do CDS-PP. O eurodeputado centrista também deixou em aberto se será ou não candidato à liderança do PSD, antecipando um anúncio para os próximos dias ("Dentro de dias darei a conhecer publicamente esta minha decisão").
Numa publicação na rede social Facebook, o centrista analisou os resultados das eleições autárquicas que o partido conseguiu e deixou uma "palavra muito especial" aos seis presidentes de Câmara eleitos pelo CDS "desde o início do ciclo democrático - no caso de Ponte e Lima -, e depois disso durante as presidências de Paulo Portas, Assunção Cristas, agora reconfirmados com a atual direção". Nuno Melo vinca que são esses os "heróis" da noite eleitoral. "Estes casos de sucesso foram resultado de um enorme esforço coletivo que deve ser respeitado e não apropriado por ninguém", escreveu o eurodeputado.
"Num exemplo - o do meu concelho - terei conseguido, com outros candidatos do CDS, uma das mais significativas vitórias em percentagem e número de votos para o CDS, em coligação com o PSD, que acho muito normal também seja tida como da direção, na medida em que representa o nosso partido, mesmo se, como em tantos outros casos, tal vitória não dependeu do seu esforço direto", acrescenta o centrista, frisando o seu mérito e a naturalidade de algumas coligações estratégicas com o PSD.
Nuno Melo aproveita para deixar um recado: o CDS deve "saber interpretar todo o quadro do processo autárquico, sem ilusões e com racionalidade, nos aspetos positivos já referidos, mas igualmente em relação aos aspetos preocupantes", que o centrista elenca. "Preocupa-me, no que se refere a candidaturas próprias do CDS, que o partido tenha reduzido a sua representatividade de 134 mil votos em 2017 para apenas 74 mil agora. Preocupa-me que nas coligações lideradas pelo CDS o número de votos tenha baixado de cerca de 80 mil para cerca de 19 mil."
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"Preocupa-me que nas grandes cidades onde o CDS concorreu, as nossas votações estejam infelizmente abaixo do Chega e quase a par da IL", diz ainda. E ataca a atual direção do CDS-PP: "Preocupa-me se qualquer direção do partido não se preocupar suficientemente com isto."
Nuno Melo também se mostra preocupado com o avanço de outras forças da direita: "Igualmente preocupante é perceber que, na esmagadora maioria dos casos, esta redução de votos e percentagens do CDS beneficia o partido Chega - e às vezes a Iniciativa Liberal - que está à nossa frente onde diretamente comparamos marca, símbolo e discurso."
Na perspetiva do eurodeputado, o CDS não pode "aceitar, menos desvalorizar, que as novas forças políticas à direita ocupem a relevância que nos coube sempre, sendo que uma coisa serão coligações com o PSD casuisticamente justificadas, sem apagar o CDS na sua capacidade própria, e outra, a generalização de coligações que podem esconder o estado real do partido". Instando uma mudança, Nuno Melo deixa no ar uma possível candidatura à presidência do CDS, uma hipótese que já em julho não recusara.