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O homem que este ano foi escolhido pelo Presidente da República para presidir ao 10 de Junho gosta de ouvir música sinfónica e era o que estava a fazer quando esta tarde atendeu o telefone à TSF. Marcelo Rebelo de Sousa chama-lhe "pai da pátria" e "um dos pais da Constituição", mas essas são classificações que o constitucionalista rejeita.
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"Fico muito honrado com o convite, mas estas designações é que eu não aceito. Eu não sou pai da Constituição e muito menos pai da pátria", salienta logo no início da conversa. Jorge Miranda reconhece que teve um papel na história, mas considera que as palavras do chefe de Estado foram um "exagero" e prefere ser visto como "um simples bracarense" que foi deputado da Assembleia Constituinte e constitucionalista de profissão.
Ouça aqui a conversa com Jorge Miranda.
Sobre o convite, confessa que se sente honrado e sublinha que Marcelo Rebelo de Sousa é "um amigo e colega de há muitos, muitos anos". Sintonizado no canal de televisão Mezzo, a assistir a uma sinfonia de Johannes Brahms, Jorge Miranda deixa a sala para nos ouvir melhor e contar o que é que já está a pensar para o discurso do Dia de Portugal. "Hei de chamar a atenção para a necessidade de não se confundir patriotismo com nacional populismo, como hoje há uma certa tendência para fazer." O patriotismo, explica o constitucionalista, "é o sentido de pátria, o sentido da história".
Mas há outro assunto que Jorge Miranda vai querer abordar: Camões. "Camões, não é apenas o poeta dos Lusíadas, é também um grande poeta lírico. Muitas vezes pensamos no Camões como poeta épico dos Lusíadas, mas os sonetos líricos de Camões também são muito importantes e maravilhosos", sublinha acrescentando que o Dia de Portugal deve ser também um dia de cultura.
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Quanto à escolha de Braga para as comemorações do 10 de Junho, Jorge Miranda confessa-se sensibilizado. "Nasci em Braga, vivi os meus dez primeiros anos em Braga, foi lá que fiz a instrução primária, tenho laços muito fortes com Braga", conta o constitucionalista que só lamenta já não ter ascendentes na terra à qual vai voltar no Dia de Portugal, de Camões e da Comunidades Portuguesas como presidente da comissão organizadora. Mas aos 80 anos, Jorge Miranda combinou com Marcelo Rebelo de Sousa que apenas se vai dedicar ao discurso. A organização tem que ficar por conta da Presidência da República.