- Comentar
O chefe de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa, defendeu esta sexta-feira que deve ser "um Presidente interventor", e que a maioria dos portugueses até gostaria que falasse mais, como "garantia em relação à maioria absoluta" do PS.
Relacionados
"Vai-se ajustando caso a caso." Marcelo elogia medidas do Governo para combater inflação
"Foi escusado aquele ruído." Siza Vieira estranha acusações do Governo ao setor da distribuição
IVA zero, apoio extra, aumentos na função pública. As novas medidas para enfrentar o custo de vida
"Os partidos políticos, os protagonistas políticos em geral acham que é um incómodo em certas circunstâncias o Presidente falar, ou o momento em que fala, ou a forma como fala, ou o estilo que adota e tal. Prefeririam, naturalmente, um Presidente menos interventor. Os portugueses acham que o facto de o Presidente ser interventor é uma forma de garantia em relação à maioria absoluta", sustentou.
O chefe de Estado, que falava aos jornalistas num hotel de Santo Domingo, argumentou que, "se numa maioria relativa isso era importante, mas menos importante, numa maioria absoluta" torna-se ainda mais necessário "ser contrabalançada".
"Como é que é contrabalançada? No parlamento, sim, mas no parlamento há uma maioria muito clara. Qual é o órgão que realmente pode contrabalançar, quando faz sentido intervir? É o Presidente. E essa é a função do Presidente", defendeu.
"Umas vezes agrada, outras vezes desagrada, o que é que havemos de fazer? Hoje, por exemplo, vai agradar, mas há uma semana ou há duas semanas desagradou", observou, referindo-se ao seu elogio às medidas do Governo para mitigar os efeitos da inflação.
Subscrever newsletter
Subscreva a nossa newsletter e tenha as notícias no seu e-mail todos os dias
Marcelo Rebelo de Sousa prometeu manter-se "um Presidente interventor" até ao mandato: "Sou assim, por uma razão muito simples, porque o Presidente da República tem essa função, e se não cumprir essa função, ninguém mais pode cumpri-la, porque ninguém mais tem a independência do Presidente".
O Presidente da República tinha sido questionado pelos jornalistas sobre a afirmação que o primeiro-ministro, António Costa, fez no parlamento na quinta-feira, de que "nas outras funções fala-se, fala-se, fala-se, mas no executivo ou se faz ou não se faz e a medida do que se faz está nos resultados".
"Essa é uma questão muito fácil de responder. O papel do Governo e do Presidente são muito diferentes", começou por dizer Marcelo Rebelo de Sousa, acrescentando que os portugueses esperam do Governo "que ele governe, portanto, que execute" e do Presidente um papel "de controlo".
Depois, realçou que "o Presidente é eleito diretamente, é mesmo o único que é eleito diretamente pelo povo".
"E o controlar significa o quê? Controlar as leis, promulgar ou vetar, intervir em situações mais extremas, com poderes mais extremos, nas nomeações de diplomatas, nas nomeações de altos cargos do Estados sob proposta do Governo, e controlar pela palavra", especificou.
O Presidente da República está desde quarta-feira à noite na República Dominicana, onde na quinta-feira realizou uma visita oficial de um dia, antes de participar na 28.ª Cimeira Ibero-Americana, entre hoje e sábado, juntamente com o primeiro-ministro, António Costa.