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Com um sol quente, a rondar os 35.ºC, a mensagem transmitida dos jardins do palácio de São Bento pede gelo nos pulsos dos países frugais: não é altura de fazer cedências e o acordo europeu tem de ser conseguido este mês.
As linhas traçadas por António Costa e por Pedro Sánchez num almoço em Lisboa não vêm acrescentar muito aos discursos anteriores relativamente ao programa de recuperação económica da Europa, mas deixam clara a vontade dos dois países ibéricos e que é conseguir um acordo já no próximo Conselho Europeu.
Ouça a reportagem de Filipe Santa-Bárbara
Se o presidente do Executivo espanhol começa por elogiar a proposta da Comissão Europeia (e também o trabalho do Eurogrupo sob liderança de Mário Centeno que Sánchez fez questão de mencionar), logo de seguida não quis definir linhas vermelhas agarrando-se à "proposta inteligente" de Von der Leyen e que os espanhóis aplaudem. Foi mesmo Costa quem deu clareza à pergunta que todos querem ver respondida: "como é que haverá consenso com os países que têm bloqueado as negociações no Conselho?".
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"Naquilo que é a dimensão que podemos estimar neste momento - e que ninguém nos pode garantir que não se venha a agravar ao longo do próximo ano -, começar a reduzir aquilo que é a dimensão da capacidade de reação do programa de recuperação seria estarmos, à partida, a diminuir a nossa capacidade de resposta", frisa o primeiro-ministro.

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Ainda assim, António Costa deixa a porta entreaberta: "podemos sempre discutir se é um bocadinho mais ou um bocadinho menos, mas há aqui algo que é fundamental: não deve haver cortes na política de coesão e nem no segundo pilar da política agrícola comum, essas são as linhas que são as linhas fundamentais". Ou seja, são as linhas vermelhas que Costa sempre quis evitar pronunciar, porque, nas palavras do próprio, esta é altura de "abrir vias verdes".
Com um protesto à porta da residência oficial de São Bento dos empresários dos carrosséis, Costa não se distraiu com as músicas populares portuguesas ou com o hino nacional que saía do sistema de som instalado na rua. Num portunhol convicto, o primeiro-ministro conclui que "julho tem de ser o mês do acordo ao nível europeu". Dia 18, saber-se-á se assim foi.
