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Francisco Louçã acredita que uma maioria absoluta para o Partido Socialista seria negativa para o país e para os eleitores que gostam de ver o PS aliado à esquerda.
"Há um eleitorado que está no PS que gosta do PS, mas que gosta muito dos acordos com a esquerda e que sabe que se o PS tiver maioria absoluta voltamos a tempos em que o PS já esteve maioria absoluta. As pessoas lembram-se, Sócrates teve durante quatro anos maioria absoluta", recorda Francisco Louçã no programa Pares da República, na TSF.
Ouça o programa Pares da República na íntegra, moderado por Judith Menezes e Sousa
O antigo coordenador do Bloco vai mais longe e é perentório: "O Partido Socialista com maioria absoluta é um terror para muitos eleitores e eleitoras de esquerda e centro-esquerda."
Por outro lado, Louçã considera que Carlos César está a "tentar colar-se a um setor à direita para dizer 'nós somos o partido central'" e acredita que o PS pode ainda pagar o preço da agressividade do presidente do PS em relação aos parceiros da esquerda, frisando que César "está a assustar os eleitores de esquerda que gostam do PS, está, aliás, a assustá-los".
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"Qualquer partido que apresente como programa eleitoral o seu poder absoluto está mais facilmente condenado do que beneficiado", reforça.
Francisco Louça considera ainda que a "agressividade" pode sair cara ao PS depois das eleições. "Creio que está a cometer um erro e pode pagar esse erro. Porque chegará a uma situação em que não tem maioria absoluta e só criou agressividade em relação aqueles que foram leais ao acordo que foi feito, que cumpriram o acordo e não quiseram violar esse acordo... quiseram evitar tensões e resolver problemas e o PS parece estar lançado a correr contra o que pode ser uma parede", esclareceu o antigo coordenador do Bloco.
Também no programa Pares da República, o antigo secretário-geral do PCP, Carlos Carvalhas repara que o PS ambiciona a maioria, mas não ousa pedir. "O PS sabe que a maioria absoluta tem hoje um peso negativo na sociedade portuguesa", explica, acrescentando que "há aqui uma grande pressão dos grandes interesses económicos, que quando se chega a essa altura e vê que não há solução com o PSD, veste também a luva do PS".