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Em clima de tensão, entre o Governo e o Presidente da República, e em vésperas de os ministros aprovarem a totalidade do pacote Mais Habitação, os deputados socialistas rumam a Tomar para as jornadas parlamentares do partido. Aos 120 deputados socialistas juntam-se vários ministros de peso, como Mariana Vieira da Silva e Ana Catarina Mendes, António Costa encerra as jornadas na terça-feira.
O primeiro-ministro tem ido para o terreno para mostrar a evolução das obras financiadas pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), e já prometeu levar Marcelo Rebelo de Sousa. Os deputados socialistas seguem os mesmos passos, nos próximos dois dias, para mostrar aos portugueses que o "Estado está ao serviço dos cidadãos".
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"Os serviços públicos são centrais para a igualdade de oportunidades, para nós a justiça social é um tema central. Depois de termos falado de crescimento económico e coesão, nas primeiras jornadas da maioria, quisemos avançar agora que o PRR está em grande execução", explicou o líder parlamentar Eurico Brilhante Dias, em declarações aos jornalistas.
As palavras de Eurico Brilhante Dias, que considera que os fundos europeus estão "em grande execução", contrastam com as do Presidente da República que já alertou para os atrasos na execução da bazuca europeia.
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"Fazer é o nosso compromisso, além de executar e continuar. Sabemos que o Sr. Presidente da República terá oportunidade, durante esta semana, de estar junto do PRR e no terreno. Todos queremos uma boa execução do PRR", sublinhou.
Os deputados vão visitar "escolas, hospitais e lojas do cidadão", passando das quatro paredes do Parlamento para junto dos cidadãos, com um programa distribuído pelos territórios do distrito de Santarém.
Eurico Brilhante Dias sustenta que "os portugueses ouvem falar muito no PRR e na sua execução", no entanto, a execução do PRR está relacionada de forma direta "com as suas vidas". "A execução do PRR é a habitação pública, a escola pública, os computadores que chegam às crianças e às famílias", exemplificou.
Os trabalhos durante esta segunda-feira e terça-feira decorrem dias antes de a maioria absoluta completar um ano, desde a tomada de posse, que aconteceu a 29 de março de 2022. Ao longo dos últimos 12 meses, o Governo viu cair 13 governantes, com alterações na orgânica, e várias polémicas a abalarem os ministros de António Costa.

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Os socialistas desdramatizam e o líder parlamentar, confrontado com um primeiro ano atribulado, garante que a maioria absoluta está "unida e blindada", depois de ter sobrevivido a duas moções de censura, além da moção de rejeição apresentada pelo Chega logo no arranque da legislatura.
"Chegados ao fim do primeiro ano, temos continuado a dialogar com a oposição e temos aprovado muitas iniciativas da oposição. Em particular, até nos Orçamentos de Estado. Temos sido, igualmente, uma maioria que tem correspondido à vontade dos portugueses: uma maioria para governar tem de ter no Parlamento uma maioria sólida e, diria, operacional", atirou.
As palavras foram escolhidas a dedo por Eurico Brilhante Dias, que fala numa "maioria operacional", o que concorre diretamente com a opinião de Marcelo Rebelo de Sousa que se referiu ao programa Mais Habitação como "inoperacional", comparando as propostas do Governo às "chamadas leis cartazes".
Além do Governo e de várias figuras de peso do partido, o presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, também participa nas jornadas parlamentares, encerrando o primeiro dia de trabalhas, num jantar com os deputados.

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