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PCP vai votar contra a moção de censura ao Governo
"Decidimos não derrubar o Governo." PSD abstém-se para não "acrescentar problemas a Portugal"
Moção sem consequências políticas? "Partidos não se devem inibir perante maioria absoluta"
O PSD vai abster-se, na próxima quinta-feira, na votação da moção de censura da Iniciativa Liberal ao Governo, decidiu esta tarde o grupo parlamentar do partido em reunião.
Fonte social-democrata confirma à TSF que "votar a favor é pretender derrubar o Governo, abrir uma crise política e consequentemente pedir eleições" e que "os portugueses votaram há menos de um ano e isso tem de ser respeitado, estando os cidadãos hoje preocupados com o aumento do custo de vida, a falta de resposta dos serviços públicos, com o SNS num autêntico caos, com a falta de capacidade reformista do governo, com os impostos máximos!"
De acordo com o que a TSF apurou ainda, Luís Montenegro considera que "o Governo merece oposição às suas políticas, mas deve governar, não ter um pretexto para fugir às suas responsabilidades".
Em suma, a ideia que o líder do PSD pretende transmitir com esta abstenção é a de que "não está, nem do lado da inconsequência, nem do lado da incompetência".
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Apesar do "desnorte", Montenegro considera que não é possível votar favoravelmente a moção de censura. No entanto, ainda notou aos parlamentares que o partido tem "muita artilharia e muita munição" para que o desempenho do PSD "seja pujante e elucidativo".
Considera o líder social-democrata que os partidos mais pequenos aproveitam a moção de censura para o combate político, mas que se o PSD quiser mesmo utilizar este instrumento, é porque a vontade é mesmo de "mandar o Governo abaixo".
Pedro Nuno Santos assiste "de camarote" ao caos
Depois de um "balanço positivo", Luís Montenegro seguiu na reunião falando dos vários casos que têm envolvido o Governo, até com especial destaque para a saída de Pedro Nuno Santos do Executivo.
Considera o presidente do partido que a saída de Pedro Nuno Santos do executivo não foi "nenhuma demonstração nem atitude de assunção de responsabilidades". Para Montenegro, o ex-ministro saiu por "razões político-partidárias", enviando um sinal ao PS e ao primeiro-ministro, de que ele não "vai ficar a fritar no exercício das funções", quem fica "a fritar" é António Costa.
Assim, Pedro Nuno Santos fica a "assistir de camarote a uma situação que é cada vez mais caótica".
Já sobre a atuação do ministro das Finanças, Fernando Medina, no caso do pagamento da indemnização a Alexandra Reis, Montenegro diz que há muito ainda por esclarecer.
Se, de facto, Medina não tinha conhecimento de nada, "é inconcebível". Se sabia, é grave, porque nenhum membro do Governo "que falte à verdade pode continuar em funções".
Na última sexta-feira, Medina, afirmou desconhecer a indemnização dada pela TAP à ex-secretária de Estado do Tesouro, Alexandra Reis, e afastou qualquer responsabilidade na demissão de Pedro Nuno Santos.
"Não fui responsável porque não atribuí a indemnização, não a conhecia, não a atribuí, não concordei com ela e, por isso, não me sinto responsável [pela demissão de Pedro Nuno Santos]", defendeu.
Votação marcada para quinta-feira
Esta terça-feira, o Bloco de Esquerda também já tinha anunciando a abstenção, enquanto o PCP anunciou o voto contra a iniciativa. Por outro lado, o Chega vai votar favoravelmente.
A moção de censura da IL vai ser a segunda que o XXIII Governo constitucional enfrenta desde que iniciou funções, em 30 de março de 2022, depois de ter vencido as eleições legislativas com maioria absoluta, e terá chumbo assegurado pela bancada socialista, tal como a primeira apresentada pelo Chega em julho.
A moção de censura ao Governo apresentada pelo Chega foi chumbada no parlamento em 6 de julho com votos contra de PS, PCP, BE, PAN e Livre e abstenção de PSD e IL, tendo o proponente ficado isolado no voto a favor.