Não basta a "palavra dada". BE quer soluções e não alimenta "ressabiamentos" do passado

Catarina Martins garante que não se deixa influenciar por "estados de alma" passados, que dizem respeito à recusa do PS em negociar soluções para os quatro anos de governação. O que o Bloco quer é mais do que "a palavra dada". São "soluções".

Não basta a palavra dada. A mensagem da coordenadora Catarina Martins, na abertura da XII Convenção Nacional do Bloco de Esquerda, foi clara: o BE quer promessas cumpridas pelo Executivo socialista. A líder do partido negou "ressabiamentos" ou "estados de alma", defendendo, em vez disso, soluções para o futuro, mas que têm de passar pelo estancamento de injeções ao Novo Banco, pelas leis laborais, aumento de profissionais de saúde e a sua exclusividade em relação ao SNS.

A coordenadora do Bloco reforçou que nas eleições de 2019 o objetivo do partido foi "afastar a direita do poder" e "cumprir o acordo para reverter o assalto aos salários e às pensões". Catarina Martins garante que não se arrepende de qualquer uma dessas decisões, e que foi o PS a fazer "uma escolha reveladora", com uma campanha que respondeu aos objetivos de "exigir uma maioria absoluta e combater a esquerda".

Num discurso em que se referiu nove vezes ao Partido Socialista, quatro ao Governo e uma a António Costa pessoalmente, Catarina Martins frisou que a meta do PS era "chegar ao poder com um programa para o congelamento das pensões por quatro anos e para criar mais um mecanismo de despedimento facilitado". O BE inverteu as prioridades, constata, no entanto. E em seguida um revés: a "recusa do PS em aceitar um compromisso de medidas sociais para os quatro anos seguintes".

"Nada foi mais importante para o PS do que atacar a esquerda nessas eleições", atirou.

Passado para trás das costas, a coordenadora do BE impõe as linhas para um entendimento futuro: "Queremos decisões, não queremos promessas, queremos soluções. Não atuamos por ressabiamentos, não temos estados de alma, não ficamos zangados pelo facto de o PS ter fechado a porta a uma solução para quatro anos."

O BE abrirá uma "outra porta"

Pela nova porta aberta têm de passar as leis laborais, a igualdade de salários entre mulheres e homens, o reforço do SNS e a exclusividade dos profissionais de saúde. Trata-se de "compromissos" que o Governo não cumpriu, garante a líder bloquista. "Não foi feito o que tinha de ser feito. Por isso, se nos dizem que basta a palavra dada, lembro que a palavra vale desde que leve a decisões no tempo certo", argumenta Catarina Martins.

Para o OE2022, mantêm-se as exigências feitas para o documento anterior, em que se incluem também o "fim dos abusos no Novo Banco" e "acabar com as leis laborais da troika". Mais uma vez o Novo Banco foi um dos pontos de marcada discórdia com o PS. "Estamos a ser assaltados enquanto desfilam os depoimentos dos figurões que espatifaram centenas de milhões de euros e que acham que nunca têm que os pagar, confirmando o que o Bloco tem sempre dito: a desigualdade e o privilégio são formas de pilhagem. Desgraçado do nosso país se não tiver quem faça frente a estes irresponsáveis."

Catarina Martins terminou a sua intervenção inicial com a promessa de que o BE não abdicará de nenhuma destas lutas.

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