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Marcelo Rebelo de Sousa encara a regionalização como um tema central nas sociedades europeias há décadas. Em Portugal recorda um debate recorrente antes do 25 de Abril, que nas últimas décadas se tornou "mais controverso e polémico".
"É um tema central há muito tempo, tratado de forma diversa. Não houve um tratamento homogéneo. Entre nós foi tema de debate recorrente antes do 25 de Abril e mais controverso e polémico nas décadas que se seguiram. É um tema importante no quadro de realidades mais vastas: o ordenamento do território e a coesão económica e social. O Portugal de 1974, 75 e 76 era muito diferente do Portugal de hoje. Somos hoje um país envelhecido e essa mudança demográfica traz consigo consequências em termos económicos e sociais", explicou o Presidente da República, a encerrar a conferência "Regionalização: agora ou nunca", organizada pela TSF, JN e DN.
Marcelo considera que o debate à volta da regionalização está relacionado com realidades muito concretas da vida portuguesa, mas tem de ser melhor explicado pelos políticos aos portugueses.

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"Está nas mãos dos políticos transformar aquilo que há de teórico em compreensível para todos os portugueses. Que recursos, o que se transfere e como, que mapa e quais são as ligações com as áreas metropolitanas que entretanto surgiram. Trata-se de torná-lo claro, salientando o que é mais importante e esclarecendo, de forma a que seja de acesso fácil para os portugueses", pediu.
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Numa altura em que a pandemia se está a converter em endemia, em que arranca a utilização dos fundos europeus e com eleições legislativas à porta, o Presidente da República disse perceber o nome da conferência: "Regionalização: agora ou nunca".
"Percebe-se porque é que neste quadro os próximos anos são particularmente importantes. É nesse sentido, presumo, que disseram agora ou nunca. Apelei, no congresso realizado em Aveiro, que no período eleitoral e pré-eleitoral as forças político-partidárias dissessem de sua justiça sobre o tema da regionalização. Junta-se a iniciativa, bem-vinda, de três grandes órgãos de comunicação social e a disponibilidade dos partidos", afirmou Marcelo Rebelo de Sousa.
Por fim, o chefe de Estado deixou um apelo à comunicação social, para que não pare de discutir o tema da regionalização, mesmo depois das eleições, nos meses e anos seguintes.
"É um processo que, tal como está concebido, implica algum tempo e nós, portugueses, de vez em quando não temos paciência para gerir o tempo e as questões estruturais passam para segundo plano. Sejam persistentes no sentido de continuarem a tratar este tema. Os autarcas vão continuar, faz parte da lógica das coisas", acrescentou o Presidente da República.