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Um PSD fragilizado reúne esta terça-feira o seu Conselho Nacional do PSD para votar, de braço no ar, as listas de candidatos a deputados.
A reunião está marcada para as 21h00 em Guimarães, Braga, numa altura em que a direção do partido é alvo de sucessivas polémicas relacionadas com exclusões e imposições de nomes.
A Comissão Política Nacional excluiu das listas de candidatos a deputados militantes de peso, indicados pelas estruturas distritais, como a ex-ministra das Finanças Maria Luís Albuquerque (Setúbal), o antigo líder parlamentar Hugo Soares (Braga) e do vice-presidente da Câmara de Cascais Miguel Pinto Luz (Lisboa).
Em declarações à TSF, Miguel Pinto Luz diz que não vai marcar presença no Conselho Nacional e acusa Rui Rio de se contradizer.
"Apenas há uns meses atrás Rui Rio dizia que o PSD não se deve apresentar a eleições como um clube de amigos... Isto diz tudo, concordo absolutamente."
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Ouça as críticas de Miguel Pinto Luz a Rui Rio
Em várias reuniões com a Comissão Política Nacional (CPN), a distrital e o seu líder, o deputado e antigo vice-presidente do PSD Pedro Pinto, reafirmaram que Miguel Pinto Luz "era o primeiro nome" indicado pelo PSD/Lisboa.
No entanto, numa reunião esta quinta-feira ao final do dia, a direção referiu que por indicação do presidente do partido Miguel Pinto Luz "não seria uma prioridade", com a distrital a considerar que a sua escolha não estava a ser respeitada.
Em 2017, Miguel Pinto Luz ponderou candidatar-se à liderança do partido contra Rui Rio, mas acabou por não avançar. Questionado sobre uma futura candidatura, o vice-presidente da Câmara de Cascais não confirma, mas deixa o aviso: "Não é um veto que me vai impedir de trilhar o meu caminho no PSD".
Também à TSF, Carlos Encarnação fala de um PSD "fragilizado".
"Quando o que se diz não se ouve, quando o que se diz não se sente, quando o que se diz não mobiliza há qualquer coisa que não está bem."
O antigo dirigente social-democrata lembra que "nenhum líder o pode ser sozinho".
O presidente do PSD é também alvo de críticas de Bruno Vitorino, líder da distrital de Setúbal. "Rui Rio está a esfrangalhar o partido em alguns distritos e essa é uma das questões que lhe quero colocar no conselho nacional", disse ao jornal Público.
"O ambiente [no partido] está de cortar à faca com ameaças de demissões, de desfiliações e de não fazerem campanha para as legislativas", o que vai afetar os resultado nas eleições de outubro e o futuro do partido, considerara.
O PSD já revelou todos os seus 22 cabeças de lista às legislativas de 6 de outubro, dos quais 17 são novos, o que representa uma mudança de 77%, e só sete já eram deputados na anterior legislatura.
Pelo menos Hugo Soares vai marcar presença na reunião e quebrar o silêncio que manteve desde que foi conhecida a decisão da direção.